Parceiros Mirins


Parceiros mirins, fruto de muita controvérsia, piadinhas para lá de maldosas. Mas será que são tão ruins assim? Será que é um mal necessário nesse mundão capitalista? Qual o motivo para terem criado esses garotos?


Primeira coisa que tenho de fazer antes de falar bem ou mal deles é contar sua história. Tudo surgiu com o molequinho de sunga verde e sapatinhos de duende que ajudava o Batman contra os criminosos na época em que meus avôs ainda pensavam em sacanagem no canavial da Usina Açucareira de Minas Gerais. Robin foi criado em 1940, na edição 38 da revista Dective Comics pelo pivete Jerry Robinson, que também criou o Coringa. Foi criado como uma forma de amenizar as histórias do morcego deixando-as mais humanas, reduzindo a violência, aproximando a pivetada de seu herói ao se identificarem com a figura do parceirinho mirin.

Marv Wolfman, disse uma vez que a idéia das editoras aos criarem esses personagens era meio furada, já que em tese, o herói adulto era alguém que o moleque poderia se espelhar e imaginar que um dia poderia ser como ele. Já o jovem parceiro era alguém da sua idade fazendo coisas que ele nunca conseguiria, ou seja, não dava esperança alguma, só uma comparação de como o jovem leitor era incapaz diante daquele herói da sua mesma idade.

Independente disso, o parceirinho virou uma febre: Surgiu o Centelha para o Tocha Humana, o Bucky para o Capitão América, o Ricardito para o Arqueiro verde, Macaulay culkin para o Michael Jackson e trocentos outros! Toda história da época tinha de ter um moleque ranhento de roupa colorida.

Tudo muito bom até o psicólogo Frederic Whertam inventar que a molecada estava sendo influenciada negativamente com os parceirinhos mirins, sim, foi esse sujeito o primeiro a duvidar da sexualidade do Batman:

“Algumas vezes, Batman está de cama por causa de algum ferimento. Robin aparece sentado ao seu lado. Eles levam uma vida idílica. Tem um mordomo, Alfred. Batman aparece algumas vezes de roupão. Parece um paraíso, um sonho de consumo de dois homossexuais que vivem juntos. Às vezes aparecem num sofá. Bruce reclinado e Dick ao seu lado sem paletó e de camisa aberta.” Sedução dos Inocentes.

Dizem até que a batmoça e a mulher gato foram introduzidas para negar essa fama ruim, o que não adiantou muito, como bem sabemos. Mas já estou me desviando do assunto, o assunto aqui é parceiros mirins, um dia falo minha teoria sobre o Batman.

Como diria muito bem nosso amigo Rafael, a DC Comics trabalha com o conceito de legado, onde os parceiros mirins eventualmente vão substituir os mais velhos. Estes por sua vez inspiram outros a seguirem seus passos. Comportam-se como uma grande família que lidam com o fantástico em suas histórias. Porém, essa editora blefa, pois nunca vai seguir a idéia até o fim. O Batman e Capitão América até podem ser substituído por um tempo, mas jamais por definitivo! Wally West foi o parceiro mirim que mais tempo durou no manto do Flash, substituindo se mentor por mais de vinte anos! Para o homem mais veloz do mundo, até que demorou para retornar!

O mais perto que os parceirinhos chegaram de uma “formatura” foi durante a excelente fase dos Novos Titãs de Marv Wolfman e George Perez, onde Robin rompe com Batman tornando-se Asa Noturna, Moça Maravilha vira Tróia e eleva suas histórias desvinculando-as de seus mentores, tornando-se adolescentes. Ricardito se envolve com drogas pela falta de atenção que o Arqueiro Verde lhe dava em um história até hoje considerada polêmica.

Os Titãs eram realmente um grupo de adolescentes imperfeitos (ou perfeitos), cheios de problemas típicos que nós leitores conseguíamos nos identificar instantaneamente! Quando o Robin comandava os Titãs eu ignorava completamente o fato de que Richard Grayson estava usando sunguinha verde e sapatinhos de duendes!!! Pena que atualmente deixaram os titãs como um clubinho de buchas mirins chorões e inúteis. Retrocesso.

Na Marvel os parceiros mirins já são mais complicados de existirem. O herói dessa editora finca sua linha em algo mais intimista, individualista e por que não dizer mais realista. São heróis e as conseqüências de seus atos. Os poucos que existiam sumiram rapidinho por justamente não ter o que fazer no contexto das histórias de seus mentores, Bucky e Centelha foram sepultados depois da segunda guerra, Rick Jones (o mais promíscuo de todos os parceiros do universo), após passar pela mão de quase todo super Herói foi parar em...em... Pra onde foi esse cara mesmo? Ah, sim, virou o novo Abominável! Não, realmente ser parceiro mirim na Marvel não é legal!

Encerro essa quarta feira mostrando minha humilde e correta opinião acerca de heróis Mirins: não funcionam hoje em dia!



Na próxima semana: As muitas eras dos Super Heróis

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