O Vencedor


Durante toda a nossa vida buscamos ter sucesso nos caminhos profissionais que escolhemos, muitos tem a condição de fazer uma faculdade – mesmo que a forma que se entra não concorde tanto, mas isso é outra história – contudo, para outros tantos, o esporte é a única possibilidade de algum lucro e futuro. E foi no esporte, mais especificamente no boxe, que Dicky Ecklund (Christian Bale) buscou sua sorte, e até teve seu momento quando enfrentou o campeão mundial Sugar Ray Leonard em uma luta, colocando a pequena cidade de Lowell no mapa.

O problema é quando um instante de fama sobe a cabeça da pessoa, olha que sso acontece muito, e ele passa a viver só daquele momento, acumulando amigos não muito produtivos e vícios tão destrutivos quanto. No outro lado do ringue está Micky Ward (Mark Wahlberg), seu irmão, que tenta agora a sorte no mundo do boxe, sendo treinado por Dicky e empresariado por Alice (Melissa Leo), sua mãe. Só que a família sempre o coloca em segundo plano em relação, o que impede que Micky consiga ascender no esporte. A situação muda quando ele passa a namorar Charlene Fleming (Amy Adams), que o incentiva a deixar a influência familiar e tratar a carreira de forma mais profissional.

Problemas familiares sempre rendem filmes interessantes nas mãos de bons roteiristas e diretores, e quando a história é baseada em fatos reais, como nesse caso, ajuda muito mais. O filme dirigido por David O. Russell nos coloca no meio de uma família com sérios problemas de relacionamento: uma mãe controladora que valoriza mais um filho do que ao outro, irmãs que vangloriam a mediocridade humana de só falar mal e nada de fato fazer,  um irmão drogado que atrapalha a vida de todos e um homem que tenta sair de dentro desse espiral de caos e fazer algo importante da sua, tanto para sua satisfação quanto por sua filha.

Tenho que ressaltar também o quanto a presença de uma mulher centrada pode mudar a vida de um homem. Vemos isso em Charlene, bem interpretada por Amy – mais conhecida do público nerd pela Charlotte de Lost, uma mulher que abandonou faculdade, vive como garçonete de bar, mas que não deixa se perder e apoiar Micky.

O vencedor nos transporta para os anos noventa, a história se passa em 1993, e toda cultura de roupas, cabelos, e postura do inicio da década nos Estados Unidos. Até citação a linguagem da MTV tem, e um Dicky submerso num mundo de drogados que lembra o saudoso Kids. A direção é bem feita por Russel, utilizando algumas vezes uma estética televisiva para representar as lutas, uma montagem dinâmica quando tem que ser, mas, algo me incomoda no filme. Não sei se é porque ele é muito parecido em temática com outros filmes de superação (Rock, O Lutador, etc.) ou ainda por falar de drogas e famílias complicadas como outros tantos falaram.

Talvez, o que mais chame a atenção e o carisma do filme seja o Dicky de Christian Bale: magrelo, hiperativo, contraditório, e muitíssimo bem interpretado, provavelmente um dos – senão o – melhores trabalhos do ator. Mostrando que nem só de grandes heróis (como Bruce Wayne e John Connor) ele pode viver. 

O Vencedor não irá mudar sua vida, não irá fazer você ver de forma diferente um tema que ele trabalhe, mas, lhe trará uma boa biografia de alguém que deixou o ego e fama lhe destruir e busca no irmão redenção. Merece ser visto e admirado.


Título original: The Fighter (2010)
Direção: David O. Russell
Elenco: Mark Wahlberg, Christian Bale , Amy Adams, Melissa Leo.
Duração: 114 min
Gênero: Drama

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