Irmão Olho

Um salto em multicores
Por Marcelo Soares

Eu sei, estou em débito com o blog, por duas semanas não postei nada, e por isso peço desculpas. Hoje seguindo o especial de dia dos namorados uarévaa, falarei de um dos casos de amor mais conhecidos e longinguos do Universo DC: Batman e o Robin.




O Batman desde sua criação foi um Cavaleiro Solitário, atuando nas sombras pelas noites de Gotham, porém, comercialmente falando, esse lado sombrio do morcego prendia as histórias em um público só, e foi numa tentativa de atenuar essas características sombrias, e ganhar o público infanto-juvenil que acompanhava os quadrinhos nos jornais, que surgiu o Robin em abril de 1940. Ou seja, Dick Grayson surgiu não como um artifício narrativo ou evolução do personagem, mas sim uma jogada de marketing, claro que com o passar dos anos e trabalhos de bons autores sua presença conseguiu dar “pano pra manga” de vários plots interessantes. A origem nos quadrinhos do personagem todo mundo já conhece, mas irei dizer mais uma vez: Seus pais eram acrobatas que morreram durante uma apresentação, Bruce Wayne comovido com sua história, e vendo nele a si mesmo, resolve ajudá-lo. Depois de muito treinamento, Robin passa a ajudar Batman no combate ao crime.

Muitos já alardearam por décadas como é um absurdo, e prova incontestável de insanidade do Batman, levar uma criança para o mundo dos vigilantes mascarados, mas, levando-se em conta a visão distorcida de realidade de Bruce Wayne, onde uma criança privada da companhia de seus pais por uma tragédia nunca terá paz, para ele canalizar a tristeza e sentimento de perda para algo mais importante era essencial. Também, entra-se aí a noção de que Bruce, mesmo tendo Alfred do lado, era um cara solitário e uma energia juvenil perto poderia diminuir essa solidão, dando uma maior noção de realidade para ele. Talvez esteja aí uma das funções mais importantes do Robin: ser o norte de bom senso para o Homem-Morcego. Mesmo com uma tragédia pessoal tão parecida, Dick não era igual a Bruce, ele era mais alegre, mais bem humorado e curtiu a vida de herói como se fosse um parque de diversões, por isso mesmo o personagem pode crescer com o passar dos anos e deixar a barra da capa do seu mentor, se tornando Asa Noturna.


Quando tal fato ocorreu, para mim, ficou claro ainda mais como o Batman tem total convicção da importância de seu papel na sociedade e de que faz o que é certo, mesmo isso sendo questionável e muito arrogante. Digo isso por depois de algum tempo sozinho novamente, o herói resolver proteger mais uma criança como um segundo Robin: Jason Todd. Esse mais próximo dele mesmo, pensando ser possível modificar sua agressividade e comportamentos adquiridos por anos de vida na rua, por quem sabe ver no garoto uma versão sua que não teve um objetivo a ser alcançado: a busca por justiça. Só que essa nova missão do Batman acabou interrompida pela brutal morte de Jason pelas mãos do Coringa (quem disse a você que ele ressuscitou? tá ficando louco?), e o morcego ficou mais uma vez sem seu “pé na realidade ambulante”, decidindo não ter mais parcerias nenhuma. Porém, quis o destino que um garoto mais esperto que qualquer pessoa em Gotham, descobri-se que Bruce Wayne era o Batman, e assim, como num reality show, ganhou o direito de se tornar o terceiro Robin: Tim Drake.

Não é a toa que a censura marcathista dos anos 50 caiu em cima da dupla dinâmica, tanto é a dependencia um do outro e proximidade - para os censores sexual - fortalecidas ainda mais pela série galhofa com Adam West e Burt Ward. As más linguas alardeavam que era no minimo suspeita um homem solteiro numa massão sozinho com um velho (fazendo a figura de pai) e um garoto (que seria seu parceiro não só na luta contra o cirme), tornando a relação uma piada que dura até os dias de hoje.

Bem, eu sempre torci o nariz para o conceito de parceiro mirim, ainda mais parceiros que são diferentes de seus mentores, para mim qualquer pessoa sem superpoderes que veste um uniforme e sai pulando prédio ou batendo em bandido não tem muito juízo, se bem que crianças/adolescentes já não tem juízo por vida, daí dá até para entender o interesse nessa profissão (?).

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