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BONS DIAS E BOAS NOITES
Por Marcelo Soares




”Ali estavam eles, pelos lados dos montes, unidos Para assistir meu fim. Eu, uma moldura animada, para mais um quadro! Numa súbita labareda Eu os vi e reconheci a todos. E, destemido, Deixei meus lábios formarem um bramido: ’Childe Roland à Torre Negra chegou’, foi minha chamada.”

CHILDE ROLAND À TORRE NEGRA CHEGOU
Robert Browning (1812-1889) - Tradução de Fabiano Morais


O ano era 2001. O mesmo ano do primeiro filme da mega trilogia Senhor dos Anéis onde existiam suas Duas Torres. O ano da queda das Torres Gemêas. E também o ano que ouvi falar pela primeira vez da saga de Roland e sua Torre Negra. Na época em uma busca insana por um filme que competisse com a obra prima de Tolkien, muitas produtoras estavam atrás de boas histórias para contar, e alguém cogitou a também mega saga de Stephen King para as telonas.

A primeira citação a tal projeto que vi foi no site do Cinema em Cena, na época com um resumo que dizia sobre uma busca através do mundo de um pistoleiro, tentando salvar o seu próprio mundo com uma torre misteriosa, essa que seria o centro de tudo no universo. Logo a idéia me apaixonou, só que na época meu acesso a internet era deficitário (conexão discada, vocês sabem como é) e meios para demais pesquisas sobre o livro me faltaram, então a curiosidade ficou adormecida. Anos após, com uma internet mais poderosa, e mais discernimento sobre o mundo, me deparei com a noticia do relançamento dos quatro livros já saídos no Brasil da Torre Negra e o lançamento dos três últimos que completavam a obra pela Editora Objetiva, e a partir daquele momento um objetivo se traçou no meu mundo de literatura: Ter a coleção completa da Torre Negra.

Por coincidência, ou não, na mesma época começou a sair a coleção de livros de Stephen King em bancas a um preço mais acessivel do que nas livrarias, por exemplo: Um Iluminado que custava em banca R$ 18,90, na livraria estava por mais de 40 Reais (imoral não é?). E logo fui começando minhas compras, tenho Insonia, Iluminado e pretendo ainda pegar Carrie – A Estranha e o outro best seller do autor: A Dança da Morte, a história que deu origem ao seriado na década de 90, passou até na Record (alguém lembra?). Mas voltando a Torre Negra. Em pouco tempo aportava nas livrarias o 1º Volume : O Pistoleiro, comprei-o e comecei a devorá-lo. Passei a viver no “mundo que seguiu adiante” do último pistoleiro existente, ver suas angústias, os misterios de seu passado e a ótima narrativa do King, essa por sinal sem a ação desenfreada costumeira dos dias atuais, também por o livro ter sido escrito nos anos 70.

Após devorar a primeira parte da odisséia da caçada ao Homem de Preto (não confuda com o Will Smith, esse MIB é bem mais sombrio e intrigante), passei a juntar as economias para adquirir o volume dois – A Escolha dos Três – onde vi uma das mais belas capas de livros da minha vida. Nessa edição a epopéia prossegue com novos personagens, grandes revelações e um final fantástico. Ainda me faltam 5 livros para completar todo o sonho de Stephen King, que após sofrer um acidente anos atrás (depois de deixar a obra parada com quatro livros), diz ter recebido um chamado para completá-la, como se a busca de Roland também fosse a sua. Para vocês verem a dimensão que o livro tomou, pessoas escreviam para o autor dizendo que estavam com doenças terminais e queriam saber o final da história, pediam para ele escrever e lhe enviá-las que não contariam a ninguém. Esse impulso fez com que ele retomasse o mundo abandonado há anos.

A Torre Negra é uma grande obra com inúmeros fãs, tanto que virou quadrinho pela Marvel Comics, em dois volumes: Nasce o Pistoleiro e o Longo caminho para casa, tendo o agraciamento de King: “Neste momento, há muita gente talentosa no mundo dos quadrinhos, e muitos estão na Marvel. Conversei com eles sobre isso, mas não foi necessário me persuadir; eu conheço o mercado, afinal. Leio gibis da Marvel desde que Stan Lee começou a se barbear. Ok, nem tanto... Mas estou por aqui desde que Jack Kirby desenhava o Quarteto Fantástico, e consigo lembrar quando o Aranha superou o sumido-mas-não-esquecido Homem-Borracha (e o imortal Woozy Winks) no meu afeto e consideração”, explicou ele em carta aberta.

Bem, muita coisa ainda pode ser explorada dessa saga maravilhosa (como a promessa de um filme nas mãos de J. J. Abrams), mas, enquanto isso não vem, os fãs se contentam com pequenos deleites, como o site Stephen King's Dark Tower Series, com ilustrações legais, ou esse sonho de consumo aqui. Na verdade, aqui não é bem um review padrão, é mais um estimulo para que vocês busquem conhecer esses escritos do mestre do terror literário. Então, o que fazem ainda lendo isso aqui? Corram para o sebo, banca ou livraria mais próxima.

PS: Se não entendeu o porquê desse título, corra para ler A Torre Negra rapá!

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