Moura em Série

Spectacular Spiderman

Todo mundo sabe que a DC, nos anos 90, deu uma surra bonita na Marvel em relação às séries animadas para Tv. Enquanto a Distinta Concorrência nos brindava com uma obra prima como Batman The Animated Series (que merece uma matéria especial aqui no Moura em Série um dia, e se você não sabe do que se trata, queime no colo do capeta), a Casa das Idéias nos trazia pérolas como os famosos desenhos do Homem-Aranha e dos X-Men, e os quase esquecidos desenhos do Hulk, Homem de Ferro e Quarteto Fantástico – todos, independentemente da fama alcançada graças a TV Colosso, infames, de qualidade duvidosa, roteiros pífios – e causam certo constrangimento quando assistidas novamente hoje em dia.

Mas os tempos mudaram e a Marvel tentou novamente. Deu-nos mais duas pérolas de seus maiores trunfos: um bizarro desenho do cabeça de teia em animação meio 3D BIZARRO, e o pop-pipoca-bobinho X-Men Evolution. Nesse caso o primeiro me dava medo por causa da animação esquisita e o segundo me fazia rir em alguns momentos.
Passados mais alguns anos o pessoal resolveu tentar de novo. A começar pelo mais famoso personagem da casa: Homem Aranha (porque Wolverine é o caraleo).

E nascia disso The Spectacular Spiderman.

Quando as primeiras imagens começaram a pipocar na Net eu não levei muita fé. Traços puxados do anime, mas com aquela cara de desenho do Cartoon Network me evocava o equivoco animado chamado Teen Titans. Logo imaginei que a pegada seria aquela, tão besta quando a do desenhos dos parceirinhos mirins.
Ledo engano. Bastou assistir alguns episódios e logo virei fã.

Sério mesmo. E eu me explico.

Comecemos pelo Aranha / Parker. Ao contrario da maioria dos desenhos animados do aracnídeo (e aqui incluo o maravilhoso Homem Aranha e seus Incríveis Amigos - modo irônico saudosista no máximo), aqui Peter passa por todas as provações que um adolescente tem que passar, com o agravante de ter que dividir seu tempo entre paquerar a menina mais popular do colégio e pular por aí com uma mascara que dificulta sua respiração.
A caracterização do personagem está perfeita. Enquanto Peter Parker, ele é o nerd simpático, azarado e tímido que adoramos nas Hqs. Quando salta entre prédios e chuta bundas vestido de vermelho e azul, vive soltando suas piadinhas infames. Sinto falta disso nos filmes do Teioso.
Em seguida, vêm os demais personagens.

Sim, e aqui temos um grande trunfo. Todos estão lá: Flash Thompson, Liz Allen, Harry Osborn, Betty Brant, Gwen Stacy, Mary Jane… e todos eles têm sua função na trama. Não estão ali apenas para constar. Flash é o encrenqueiro que pega no pé de Peter e rendeu momentos muito bacanas, assim como Betty Brant foi uma garota por quem Peter se interessou, mesmo sendo mais velha. Mas destaque total para personagens como Harry, que aqui é ainda mais nerd e looser do que seu melhor amigo, ao contrario do James Dean genérico dos filmes, e Gwen, que é resgatada do limbo aqui para ser a melhor amiga do protagonista, que esconde dele sua paixão juvenil. MJ está perfeita como a garota bacana e descolada que faz os garotos babarem por ela (esqueça a mala da Kirsten Dunst no cinema) e sua relação com Peter dá apenas pequenos sinais que pode vir a acontecer um dia.

Logicamente o personagem mais imorrivel da Marvel também está aqui: Tia May (porque repito, Wolverine é o caraleo), mas justifica-se, pois estamos vendo a adolescência do herói. E claro, aquele que independente da mídia em que se transcreve, continua sendo o melhor coadjuvante de todos: J. J. Jameson. Tão nervoso, neurótico, vociferador e divertido quanto todas as suas encarnações.

Os vilões são uma diversão à parte. Nada de um vilão por episódio, sumindo do mapa no final do mesmo. Alguns sequer são vilões de verdade. Curt Connors, Norman Osborn e Eddie Brock, por exemplo, são personagens recorrentes na série, como suas identidades civis. Connors é o coordenador do projeto onde Gwen e Peter trabalham que eventualmente por um acidente se tornou o Lagarto em uma ocasião. Norman é um Lex Luthor ainda mais ambíguo que ainda não mostrou quais são suas intenções e nutre uma admiração e afeição por Parker e Eddie Brock é o melhor amigo do mesmo, até que algumas coisas acontecem e uma certa substancia preta surge.
Além deles, já deram as caras o Abutre, Duende Verde, Doutor Octopus, Electro, Homem Areia, Rino, Camaleão, Mistério, Shoker e Camaleão.

Mesmo ainda aquém dos antológicos vilões de Batman Animated, em Spectacular Spiderman os vilões ganharam um status bem legal, sendo recorrentes na trama ao invés de ameaças esporádicas, como é feito normalmente.

Os roteiros dividem ação, comédia e romance na medida certa e digo sem sombra de duvidas, salvo o orçamento que teria de ser imenso, poderia ser facilmente transposto para uma série em live-action. As tramas tem influência nas tramas originais do Stan Lee, do universo Ultimate, da trilogia cinematográfica e muito das histórias atuais nas Hqs.
A série começou com episódios fechados e logo começaram a se formar arcos, que acabarem formando arcos maiores que completaram temporadas.
A animação é muito bem feita, e os designes dos personagens, que a principio parecia que iam me incomodar, acertaram em cheio. Afinal, apesar das influencias de mangá, os traços também são bem cartunizados e bebem na fonte do universo animado DC com traços limpos e poucas linhas. Até lembra um pouco (ou muito) outro desenho animado para crianças, o bem divertidinho Ben 10.

Minha única ressalva é a um mal comum a séries que dependem da criação de um novo vilão a cada episódio: todos os vilões foram manipulados geneticamente por algum cientista para ganhar seus poderes. Bem repetitivo esse lance, mas interessantemente vinculado ao Homem Aranha e a necessidade de repetir o sucesso da alteração genética ocorrida no herói. Isso estragou um personagem foda como o Kraven, tornando ele em certa altura do episodio um mutante-leão. Convenhamos que essa coisa de substância viscosa que cria mutantes meio humanos foi esgotada em Tartarugas Ninja.

Moura recomenda a divertidona série pra todo mundo!

E fiquem com a abertura com a musiquinha que gruda na cabeça!



Abraços e até o próximo episódio!

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