Irmão Olho

Um milhão de meses à frente
Por Algures

Você já parou para calcular que, considerando que a DC continuasse existindo e publicando suas revistas regularmente, daqui a 800 séculos (mais precisamente no ano 85.271), a primeira revista de super-herói (Action Comics, casa do Superman) chegaria à edição de número 1.000.000? Óbvio que não, quem seria louco de calcular uma coisa dessas? A resposta é Grant Morrison, que fez isso em 1998 (1999 no Brasil), quando trouxe para os leitores a saga DC: Um milhão. Podem clicar aí tranqüilos, que não tem spoilers.

Em 98, Morrison levava a revista da Liga da Justiça para o topo das vendas nos EUA. Nesse período, surgiu uma saga protagonizada pela equipe, mas que se espalhou por todos os títulos da editora. DC: Um milhão era uma saga típica do Morrison, bem mais acessível do que seus trabalhos atuais, mas ainda assim com suas pirações de sempre. Saca só a história:

A Legião da Justiça A (uma versão futurista da Liga da Justiça, que conta com um Superman descendente de Kal-El, um Batman que vive em plutão que é um planeta prisão, uma Mulher Maravilha com pele de mármore que vive em Vênus, Um Aquaman de Netuno, um Flash e um Homem-Hora robô) vinda do ano 85.271 chegam ao presente para convidar os heróis da Liga da Justiça original para participarem das comemorações em homenagem ao retorno do Superman original (sim, Kal-El), que está vivo, mas tem vivido os últimos milhares de anos na sua fortaleza da solidão no núcleo do sol. A homenagem inclui os heróis “originais” (incluindo a versão do presente de Kal-El) viajarem para o futuro a fim de participar das festividades na forma de competições olímpicas. Enquanto os heróis do presente festejam no futuro, a Legião da Justiça A ficaria no passado durante os instantes em que a Liga ficaria fora. Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Lanterna Verde (Kyle Rayner) e Flash (Wally West) decidem participar das festividades, enquanto que os outros heróis (incluindo o caçador de Marte e Batman) decidem ficar por aqui mesmo.

Mas, obviamente, as coisas não poderiam dar 100% certo, se não não haveria saga. Assim que a liga parte pro futuro (com Batman junto, que foi “enganado” pelo Batman do futuro porque este queria que ele estivesse lá), Homem-Hora se descobre estar comprometido por um vírus do futuro que é liberado no planeta e que ataca humanos e máquinas. Nesse meio tempo, Vandal Savage aproveita-se da situação e tenta atacar o planeta e dominar o mundo.

No futuro, a Liga do presente tem suas proezas sabotadas pelo maior vilão da Dinastia Superman, Solaris, o Sol Tirânico, e isso força os heróis a se reunirem para tentar enfrentar a ameaça.

Se vocês acharam isso complicado, vocês ainda não viram nada. A história mexe com viagens no tempo, paradoxos e mostra as ligas atuando no presente e no futuro distante para evitar que se mude o passado e que o futuro seja destruído.

A história principal se passou numa mini-série em 4 edições, mas se espalhou por todas as revistas DC, que interromperam suas numerações para estampar o número 1.000.000 nas capas.

A Saga é um tremendo exercício de criatividade e imaginação, e possui uma história complexa e extremamente bem amarrada (tem seus erros, mas eles são quase imperceptíveis e não prejudicam a trama) para uma saga “normal”, e se tornou para mim uma das melhores sagas já feitas nos quadrinhos em todos os tempos. Morrison consegue trabalhar com a viagem no tempo como ninguém, e as histórias paralelas, longe de encher lingüiça, expandem o mundo criado para essa saga, mostrando diversas facetas dos personagens, e o que os levou a tal futuro, e faz com que a história se torne uma verdadeira homenagem ao universo DC como um todo.

Enfim, a saga saiu aqui no Brasil em 99, ainda antes do advento das revistas “Premium” da Abril, hoje ela pode ser encontrada em sebos (ou em scans, obviamente, mas não contem pra ninguém) e, na minha humilde opinião, é leitura recomendadíssima. PRA QUEM GOSTA DE DC.

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