Dies Irae – Capítulo I: Acidente


Sinopse: Norte do Canadá. Um fenômeno meteorológico inusitado anuncia a primeira nota do som de todas as vidas humanas. Nações buscam novas respostas para antigos segredos, enquanto uma cidadã comum tenta reconstruir a única vida na qual acredita. A fúria tem apenas um dia para ser e ele está chegando.



A rotina é uma constante em nossa vida, um caminho que nos acostumamos a seguir por não termos muito o que mudar. Por isso, qualquer alteração nessa sequencia lógica nos leva a reações das mais diferentes e muitas vezes a buscas impensavéis antes. Em Dies Irae essa mudança vem em forma de uma nevasca inesperada no Canadá, que revela um grande mistério: a morte dos Deuses.

Seres cósmicos morrendo e, assim, sendo pontapés de um mistério a ser desvendado não é algo novo no universo dos quadrinhos. Para ficar em um exemplo recente, temos a Crise Final do Grant Morrison, na DC Comics, que se inicia exatamente pela descoberta do corpo de um dos Novos Deuses prenunciando uma guerra entre heróis e deuses malignos. Entretanto, Dies Irae não tem super-heróis, mas sim humanos tendo que lidar com seus problemas em meio a algo maior que eles.

O projeto criado pelo coletivo de autores Tesla HQ, do Rio Grande do Sul, em seu primeiro capítulo se propõe como um experimentalismo, misturando, como eles mesmo dizem “técnicas tradicionais e mídias contemporâneas” para contar narrativas diferentes com histórias emocionantes. Presunçoso? Pode ser, desde que não consigam seu intuito.

No quadrinho em questão, tal proposta se faz bem presente com uma narrativa de mistério que prende o leitor, principalmente pela personagem fio condutor da história, um dos seus pontos fortes, Daksha. Convocada pela Organização Metereológica Mundial (Omm) para investigar o estranho fenômeno canadense, a personagem sofre uma angústia interna, e, instantes antes de ser requisitada, estava prestes a se matar.

O evento que se mostra global ao fim da edição - quando além de ser revelado que o que se pensava de inicio ser um meteoro a cair no Canadá era o Deus asteca Tlaloc, e surgir tombada em Budapeste a divindade hindu Ganesha -, reflete não só a turbulência que a humanidade passa e passará dali em diante, mas, também, o conflito interno de Daksha.



Aliás, o melhor de Dias Irae se mostra em seu argumento e narrativa, dosando bem o mistério a ser criado e seus núcleos. O roteiro intercala entre a protagonista e a intriga que se desvela envolvendo a carcaça de Tlaloc, trazendo a cena estranhos agentes que buscam recuperá-la e, ao mesmo tempo, dar fim as pessoas envolvidas. Outro aspecto interessante é a escolha de manter boa parte do desenho em preto e branco e utilizar as cores somente em alguns pontos para destacar narrativamente eles. Entretanto, o estilo de traço de Marini não auxília muito a história, deixando algumas sequencias confusas de serem compreendidas.

A edição digital em formato 1448 x 2048 pixels, disponível em cbr., cbz e pdf, traz um bonito projeto gráfico, com extras explicando sobre os personagens mitológicos que aparecem e currículo dos artistas. Contudo, não se é explorado o formato horizontal para construção de cenas de impacto em splash pages, imagens que tomam toda a página. A aparição, por exemplo, de Ganesha no final da edição, poderia ter rendido uma bela página única.

Outro detalhe a ser observado para as próximas edições é a forma de falar de alguns personagens, em dados momentos atrapalham a fluidez da leitura. Destacam-se os dois últimos quadros da página 08, nos quais vemos diálogos um tanto artificiais, como no trecho: “Ele pode ser uma arma secreta de terroristas. Um extraterrestre. Um viajante do tempo. O que devo dizer? No que devo acreditar?”. Porém, nada que tire o interesse gerado no leitor pela trama, deixando-o curioso para ver o que virá a seguir nas próximas 07 edições.

Nota: 7.0

Dies Irae – Capítulo I: Acidente
Editora: Independente
Autores: Frank Tartari Fialho, Rafael Rodrigues (roteiro); Adan Marini (Arte) e Luciana Lain (Cores)
Preço: R$ 2,90
Número de páginas: 23
Vendas: http://maisgibis.com.br

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