Junkie Box: Magal



Salve galera. Depois de tanto tempo, Luiz Modesti está de volta com sua coluna que fala sobre as mais belas pérolas do cancioneiro popular brasileiro.

E como hoje em dia quase tudo é trilogia, como o Bátema, livro de sacanagem e até um livro fininho do Tolkien, nada mais justo que falar de três obras primas que, em conjunto, contam uma história de paixão, amor e possessão.

Com vocês, A trilogia do amor de Sidney Magal.





Antes de esmiuçar essa ópera popular, cabe citar pra quem morou numa caverna ou é um garotinho juvenil que acha que Sidney Magal é apenas o cara que come a Mamuska na novela que ta passando no Vale a pena ver de novo, que além de cantor, Magal foi o símbolo sexual no fim dos anos 70 e começo de 80. Não existiu uma porta de guarda-roupa de empregada livre das poses latin lover dele. Da uma olhada no tipão.



O que pouca gente sabe é que Sidney Magalhães já era um artista desde o berço. Vindo de uma família de músicos, começou sua carreira em programas infantis. Aos 18 anos se apresentou na Europa em uma excursão com um grupo folclórico brasileiro. Mas encantado com a cultura e as mulheres do velho continente, Magal largou o grupo brasileiro e se juntou a um grupo italiano que tocava em bailes e na noite europeia. Por dois anos Magal se apresentou na Áustria, Itália, Alemanha e Suíça, e além de conhecer a mulherada europeia, aprendeu sobre a cultura Romani com alguns colegas de banda. Outra herança da tour foi o figurino. E que maravilha essa mistura de cigano e disco music.

De volta a terras tupiniquins, Sidney se destaca como cruner nas noites cariocas, cantando em companhia de Emilio Santiago e Alcione. Daí pra interessar à gravadora Polydor foi um pulo. E no fatídico ano de 1977 (quando eu nasci) o grande público conheceu o mais sexy homem do mundo musical brasileiro. Primeiro com o compacto intitulado apenas com o seu nome, que tinha no lado A “O Meu sangue ferve por você” e no lado B “Se te agarro com outro te mato” (preste atenção nisso, pois existe um motivo para essas músicas estarem juntas; depois eu explico), e depois com o disco Sidney Magal de 1977, cuja capa abre essa coluna. Sucesso imediato. Não havia uma rádio que não tocasse o ritmo dançante. Não havia uma mulher que não suspirasse ao menor vislumbre de uma foto ou uma apresentação de Magal.

Ele chegou a estrelar um filme chamado Amante Latino (há, vá), escrito por Paulo Coelho, onde Sidney Magal faz o papel de... Sidney Magal. Não acredita? Veja ai:



Chegaram até a compara-lo com outro cantor também tido como símbolo sexual. Tire suas próprias conclusões:



Dado o contexto, vamos falar da sua obra. Lembra que eu disse para prestar atenção nas duas músicas do compacto? Pois é, contam a mesma história. Ai você me pergunta:

- Seu gordo otário, o título da coluna é trilogia. Ai só tem duas musicas.

Isso por uma decisão do produtor, que quis deixar pro segundo disco o petardo que ecoa na cabeça de todos até hoje. E é a obra que abre a trilogia.

A história começa com o amante latino descobrindo a mulher da sua vida. Dançando e rodando (má oeee!) está à cigana Sandra Rosa Madalena, por quem ele fica perdidamente apaixonado:



Então chega a hora de se declarar. Como um bom latino, tudo é intenso, quente. Nada de sutilezas, pois o sangue dele ferve por ela:



Mas como toda boa história de amor, depois da cocota estar no bolso, vem o sentimento que permeia um bom latino, o ciúme:



Depois de muito sucesso, a ponto de ser parodiado pelos trapalhões, a carreira de Magal passou por muitos altos e baixos, com o artista se reinventando em 89 como cantor de lambada (????) e ator em novelas globais, além de professor numa dessas escolinhas da TV. Mas isso é outra história. Pra encerrar, deixo vocês com uma foto que diz tudo (e depois eu não entendia o porquê do meu pai achar o Magal gay).


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