1ª de Abril:

o dia que todos queriam que fosse mentira



Ontem foi 1ª de Abril, e junto com os gracejos do famoso dia da mentira foi também um dia de lembrarmos algo terrível da história recente de nosso país: A instauração da Ditadura Militar no Brasil.





O Golpe Militar ocorreu no dia 1 de abril de 1964, com um golpe de estado que encerrou o governo do presidente João Goulart. Jango, como também era conhecido, havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio Quadros do Partido Trabalhista Nacional (PTN) à presidência, apoiado pela União Democrática Nacional (UDN).

O golpe estabeleceu um regime alinhado politicamente aos Estados Unidos da América e acarretou profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. Todos os cinco presidentes militares que se sucederam desde então declararam-se herdeiros e continuadores da Revolução de 1964, como eles a chamavam. O regime militar durou até 1985, quando Tancredo Neves foi eleito, indiretamente, o primeiro presidente civil desde 1960.


Sabemos o quanto prejudicial foi esse momento da nossa história e o quanto ainda sangra no coração brasileiro, tanto que vira e mexe é lembrada em obras diversas, como a HQ Ato 5, de André Diniz e José Aguiar, já resenhada aqui

Não é a toa que ao pensar em um conto sobre super-heróis para uma seleção de Antologia da Editora Draco, me veio logo a mente ambientar a história nesse período negro. Uma época onde o país precisava de verdadeiros heróis, e onde muitos morreram tentando serem. Abaixo coloco um trecho desse conto, esperando que todos possam sempre refletir sobre essa época, suas consequencias e impedir que momentos tão tristes quanto surjam novamente em nosso adorado país.
Todo dia eles viam juntos o jornal, saber como estavam as coisas, mesmo que no fundo soubessem que nada tinha mudado e que tudo estava indo para o pior. Ulisses a menos de um ano tinha entrado na universidade, mas o que ele sempre sonhou ser o seu futuro foi ofuscado pelo golpe militar do ano anterior. Enquanto muitos a sua volta, inclusive sua mãe, acreditavam na história de que os militares estavam lutando para manter a ordem e os comunistas longe do poder, ele já desconfiava que era algo maior que isso.

Entre os alunos, professores e funcionários da universidade muitos “agentes do governo” podiam ser vistos, um em cada sala de aula, de ouvidos e olhos abertos para qualquer atividade subversiva. Postados, de pé, em um canto com seus uniformes verde escuros. Além deles muitos outros a paisana, espreitando os recôncavos mais escondidos possíveis do centro de ensino. Vigília total.

Apesar de toda vigilância os “rebeldes” sempre encontravam uma forma de se comunicarem dentro da universidade. Locais conhecidos onde bilhetes em papel eram deixados, frases soltas em cruzamentos de corredores que só faziam sentido para quem estivesse dentro do movimento, carteiras com códigos riscados em caneta tinta. Fora dos muros acadêmicos as mensagens eram ainda mais abrangentes em pichações de parede feitas na profundidade de madrugadas.
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Em 1985 foi fundado o grupo Tortura Nunca Mais/RJ (GTNM/RJ) por iniciativa de ex-presos políticos que viveram situações de tortura durante o regime militar e por familiares de mortos e desaparecidos políticos. O Grupo tornou-se, através das lutas em defesa dos direitos humanos de que tem participado e desenvolvido, uma referência importante no cenário nacional. 

Desta maneira, tem assumido um claro compromisso na luta pelos direitos humanos, pelo esclarecimento das circunstâncias de morte e desaparecimento de militantes políticos, pelo resgate da memória histórica, pelo afastamento imediato de cargos públicos das pessoas envolvidas com a tortura, pela formação de uma consciência ética, convicto de que estas são condições indispensáveis na luta hoje contra a impunidade e pela justiça. 

Para mais informações e engajamento acesse o site do movimento: http://www.torturanuncamais-rj.org.br

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