Fúria Verde - O Incrível Hulk



O Hulk foi criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1962 para a editora Marvel comics, veio na fila de personagens com sentimentos mais humanizados, mais pé no chão e nem um pouco perfeitos. Diferente dos outros super-heróis, ele é um monstro incontrolável, nem um pouco heróico, que não procura salvar a terra ou mesmo defender os fracos e oprimidos.


“Enquanto isso, na banda desenhada...” É uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.

Cinza à Cinzas

Enquanto o Hulk é uma criatura de pura fúria destrutiva irrefreável, Bruce é uma pessoa inteligente e sensível. Nitidamente inspirado no livro The strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde (O médico e o monstro), do escritor escocês Robert Louis Stevenson, O pobre doutor Jekyll passa a aflorar o terrível Mr. Hyde após ingerir uma fórmula em seu laboratório. O livro retrata a natureza dual da personalidade humana, onde ninguém é inteiramente bom, nem completamente mau. Todos carregamos os dois pólos, o positivo e o negativo. Mas, às vezes, um dos lados se sobrepõe.

Podemos também traçar um paralelo do personagem com Frankenstein, o mítico personagem de Mary Shelley, visto como a encarnação do medo do homem que desafia a Natureza com experiências temerárias. O século XIX, tendo necessidade de reagir ao século das luzes, imaginou histórias fantásticas como essa da criatura que foge ao criador, causando mil e uma confusões.

Como Frankstein e Mr. Hyde, o Hulk está intimamente ligado ao contexto de sua época, desta vez à guerra fria, no medo da ameaça nuclear. O Homem Aranha é picado por uma aranha radioativa, o Quarteto Fantástico é banhado pela radiação cósmica, como não podia ser diferente, numa experiência secreta de uma bomba por ele criada, o físico nuclear Robert Bruce Banner foi submetido a forte radiação gama que o tornou capaz de se transformar em um aterrorizante monstro verde.

Para entender Bruce Banner, temos de conhecer seu pai

Brian Banner era abusado física e psicológicamente pelo pai. Cresceu com um trauma psicológico muito forte, acreditando que tinha herdado um gene de "monstro", decidiu então não ter filhos temendo fazer a mesmo que seu pai. Casou-se com a bela Rebecca ainda na faculdade de física, onde foi o aluno mais novo a conseguir seu Ph.D. em física.

Devido a sua inteligência acima da média, foi chamado para trabalhar em um projeto do governo que buscava uma fonte limpa de radiação nuclear. A pressão do trabalho o jogou nos braços acolhedores do álcool, tornando-o cada vez mais violento e descuidado. Um belo dia, devido ao seu estado de embriagues, Brian causa uma sobrecarga no equipamento e destrói anos de pesquisa. Expulso do projeto após passar por uma corte marcial, sua vida é só ladeira abaixo. Mas o pior ainda estava por vir. Sua esposa anuncia que esta grávida.

Temendo que o acidente radioativo que sofrera tivesse deixado alguma seqüela, aliado ao seu frágil estado mental, passou a hostilizar o próprio filho achando que o mesmo era um monstro. Cansada de apanhar do marido e de ver o sofrimento do filho, Rebecca tenta fugir, mas é impedida por Brian, que após uma violenta discussão, a mata. É neste momento, ao ver sua mãe ser assassinada por seu pai, o pequeno Bruce fecha todas suas emoções e a mente dele começa a se bifurcar.

Quinze anos mais tarde, Brian é solto da instituição psiquiátrica que foi condenado pela morte da esposa, e diante do túmulo de Rebecca, novamente hostiliza seu filho. Enfurecido e temendo pela própria vida, Bruce reage e acidentalmente o pai bate a cabeça na lápide da falecida esposa e morre. A polícia atribuiu a morte a um acidente, pois a chuva havia apagado as evidências. Bruce reprimiu em seu subconsciente todo o ocorrido.

Anos se passaram, a genialidade do Doutor Robert Bruce Banner fez com que o projeto da Bomba Gama fosse aprovado. Na base de testes do novo México, conhece Betty Ross o amor de sua vida. O pai da moça, o General Ross tinha desprezo pelo Físico Nuclear que era quieto, com um fraco porte físico e um emocional abalado, sendo muito tímido e reprimido. Essa antipatia se intensificou quando percebeu os sentimentos da filha.


Durante o primeiro teste da Bomba Gama, Bruce notou que um civil violou a segurança da base e entrou na área em que ocorreria a detonação da bomba. O Doutor pede ao seu colega Igor Starsky que atrase a detonação e corre para retirar o inconseqüente rapaz, porém, sem que ninguém soubesse, esse seu colega era secretamente um agente russo e como tal, nada fez para atrasar o teste, já que não desejava o sucesso do projeto.

Notando que os testes não foram interrompidos, ele só tem tempo de jogar o jovem Rick Jones em uma vala antes de ser atingido pela detonação. Mesmo absorvendo toda a radiação, Bruce por alguma razão desconhecida não morre, mas passa a se transformar no terrível monstro Hulk, uma faceta de sua própria personalidade reprimida durante sua vida é exteriorizada pela radiação, agora na forma de uma criatura super forte e livre de freios morais. Um monstro de fúria incontrolável.

Curiosidades.

- No seriado de TV, os produtores acharam que Bruce era um nome muito afeminado e mudaram para David. Que na minha humilde e correta opinião chega a ser pior... Deviam ter colocado Alex, esse sim nome de macho!

- Stan Lee inicialmente queria que o Hulk fosse cinza, mas devido à incapacidade das gráficas da época, teve de se contentar com o verde. Perdeu Tiuzão!

A seguir: Hulk, Vida e obra.

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