“A verdade está lá fora”


Eu sinceramente não sei o que seria do terror sem o insólito. Talvez o gênero se tornasse apenas um subgênero das histórias policiais, ou uma versão mais explícita das narrativas noir. Mas é possível que talvez nem existisse tal é, penso eu, a importância dos elementos fantásticos para este tipo de história. Se o terror basicamente “sobrevive” em grande parte por conta disso, o que dizer de uma série que procura englobar tudo o que é considerado incomum, sobrenatural ou misterioso?
Tendo estreado em 1993, a série The X-files (Arquivo X, como ficou conhecida no Brasil) foi criada por Chris Carter e é lembrada hoje por ter sido um sucesso absoluto de público e crítica, tendo gerado 2 longas metragens, uma série relacionada e um spin-off, além de paródias diversas e frases de efeito lembradas até hoje.
A série conta a história de Fox Mulder, agente do FBI marcado por um grande

Um dos principais méritos da série foi o seu formato. Apesar de contar com uma linha cronológica coesa (que foi chamada de “mitologia da série”) que envolvia a investigação de casos relacionados à discos voadores e conspirações governamentais que supostamente tentavam encobrir sua existência, a série trazia diversos episódios isolados que, apesar de fazerem parte da cronologia da série, envolviam outros tipos de elementos fantásticos, como fantasmas, criaturas mitológicas, demônios, experiências secretas, entre outros e ajudaram a série a se consolidar, uma vez que tais episódios podiam ser vistos sem grande conhecimento da mitologia da série. Estes episódios foram chamados de “monstro da semana”.
Além dos protagonistas, a série contou com diversos personagens coadjuvantes que ajudaram a enriquecer a série e a manter o espírito conspiratório e sobrenatural das tramas. Entre os coadjuvantes mais lembrados estão o agente Skinner (superior de Mulder e Scully), os Pistoleiros Solitários (um trio de nerds teóricos de conspiração que sempre ajudavam os agentes) e do lado dos “vilões” podemos citar o mais proeminente deles, que por muito tempo foi chamado apenas de “O Canceroso”.
Com temas obscuros e histórias nada mastigadas, Arquivo X surgiu inspirada na série Kolchak e os Demônios da Noite e conseguiu conciliar formatos distintos utilizados em séries como Além da Imaginação e Twin Peaks, o que permitiu criar um programa em clima de seriado policial, mas com diversos elementos de ficção científica e terror.
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Curiosidades:
- Chris Carter, como dito no post, inspirou-se na série da Carl Kolchak para a criação da série. Mas ele transformou os personagens em agentes do FBI porque achou que seria difícil fazer o público da época (contemporâneos da série de Kolchak) acreditar que jornalistas conseguissem esbarrar toda semana em casos insólitos;
- Quando Chris Carter apresentou a série à FOX, os executivos não gostaram da premissa inicial. Queriam, além de um interesse romântico para Scully, que a atriz escolhida fosse loira e mais peituda que Gillian Anderson (É sério). Mas no fim Carter conseguiu convencer os executivos a tentar do jeito que ele queria;
- A série foi nomeada, ao longo de sua trajetória a pelo menos 100 premiações, tendo sido vencedora de 26 deles (16 Emmys, 5 Globos de Ouro e diversas outras premiações do sindicato de atores, roteiristas e outras premiações de ficção científica);
- Desde que a série estreou as pessoas questionam o FBI sobre a existência de uma divisão como a do Arquivo X, ao que a agência nega veementemente. Chris Carter alega não ter conhecimento disso, e só usou o departamento pela conveniência da história;
- Darren McGavin, ator que interpretou Carl Kolchak apareceu em 2 episódios da série como o agente Arthur Dales, o homem que “descobriu” os Arquivos X, numa brincadeira de metalinguagem (pois a série só existe graças à Kolchak, assim como os arquivos X na história só existem por conta de Arthur Dales).
Na Próxima Madrugada:
A trajetória da série que marcou os anos 90. As conspirações, revelações e mais nOs Arquivos X – Trajetória