Moon


Hoje tem colaborador novo aqui no "De fora..": é o leitor Vintersorg que nos trás a resenha do bastante elogiado filme Moon (ou Lunar, como saiu aqui, direto para DVD e Blu-ray), longa metragem de ficção científica dirigido por Duncan Jones, filho de David Bowie, e estrelado por Sam Rockwell.

Confere ai que o filme parece ser mesmo interessante e mande você também seu post pra gente!! O tema é livre, basta enviar texto e imagens pra contato@uarevaa.com.


Filme de ficção científica com um computador consciente, um astronauta isolado, uma gananciosa empresa sem escrúpulos. Nada disso é novidade, mas mesmo assim garante um bom filme.

Estamos no futuro. Após anos de queima de combustível fóssil, descarregando imensuráveis quantidades de poluentes na atmosfera do planeta, uma nova forma de energia limpa é descoberta: aquilo que sempre esteve à nossa frente, ou melhor, acima de nossas cabeças. A energia do Sol, Helium 3, coletada na superfície da Lua, é usada para abastecer a necessidade de 70% da população. E é aí que conhecemos o protagonista Sam Bell.

Sam é o responsável pelo funcionamento da Base de Mineração Lunar Sarang. Isolado do resto do mundo, Sam vive sozinho contando somente com a companhia de Gerty, o computador consciente que o ajuda na manutenção e funcionamento da base. Seu trabalho não lhe toma muito tempo. Basicamente, ele monitora o trabalho autômato das escavadeiras de Helium 3, manda relatórios periódicos à Terra juntamente com os carregamentos da energia em uma pequena espaçonave de carga.

Sem contato direto com o planeta por um aparente problema na antena de comunicação da base, Sam recebe suas ordens e mensagens de sua família com algum tempo de atraso, assim como as envia.

Chegando ao fim do terceiro ano de trabalho e isolamento, ele espera ansiosamente pelo término do contrato que o levará de volta para casa. Mas, ao sair da base para realizar uma inspeção em uma das escavadeiras, Sam, que já estava sofrendo de alucinações, vê uma mulher na superfície da Lua, se distrai e sofre um acidente com seu veículo, caindo desmaiado.

Algum tempo depois, ele acorda na base, sem lembranças do que aconteceu. Gerty lhe conta que sofreu um acidente e por isso sua falta de memória.

Conforme melhora, Sam sente-se ansioso para voltar ao trabalho, ainda mais quando descobre que uma das escavadeiras está parada. Tanto Gerty quanto a empresa não o deixam sair da base, alegando preocupação com sua saúde e o mandam aguardar uma equipe que irá chegar e realizar as manutenções necessárias.

Desconfiando do excesso de zelo, Sam simula um pequeno acidente dentro da base e convence Gerty a deixá-lo sair para verificar. E aí chegamos ao ponto de virada do filme.

Ao sair, ele imediatamente nota a ausência de uma roupa espacial assim como um veículo. Indo ao local do acidente, Sam descobre o que causou a parada da máquina e também quem: ele mesmo. Um outro Sam Bell é encontrado por ele, inconsciente e machucado. Desesperado, ele leva a si mesmo (!) para a base.

Sem dar maiores explicações, Gerty simplesmente lhe conta que o outro é Sam Bell.

Após um tempo, o Sam Bell acidentado acorda e também lhe é contado que o outro que está na base é ele mesmo.

A partir daí, a convivência dos dois, o como e porquê de haver dois, aos poucos é explicado.


Duncan Jones, mais conhecido como o filho de David Bowie, em seu longa de estréia de baixíssimo orçamento (5 milhões de dólares) se mostra um bom diretor. Responsável também pela história, Jones erra algumas vezes, mas nada que prejudique a diversão de assistir a um bom filme.

A personalidade de Gerty, interpretado por Kevin Spacey, é mal definida. Uma hora ele é o bom companheiro de Sam sempre disposto a ajudar, outra, o computador a serviço da empresa que deve seguir estritamente suas ordens, e novamente o bom companheiro que quer ajudar.

O estranhamento inicial entre os dois Sams também é raso e superficial. Você acaba de descobrir outro você. Exatamente igual, com suas memórias, lembranças e recordações. Vocês sabem o mesmo.

O modo como Jones leva esse começo de relacionamento bizarro deixou a desejar.


A ambientação do filme é primorosa. Ao contrário do que se possa imaginar, a base Sarang não é limpa. Ela é branca, mas não possui aquele clima estéril que se imagina de uma estação espacial. Algumas alas são em tons de cinza e no geral ela passa a impressão de gasta e suja. Por quase todos os lados, vê-se anotações, post -its, fotos e papéis colados nas paredes. Até mesmo no “corpo” de Gerty, que também aparenta estar sujo.

A trilha sonora, composta por Clint Mansell, parceiro de longa data de Darren Aronofsky (O Lutador, Fonte da Vida e Réquiem Para Um Sonho) é precisa e casa perfeitamente com cada cena de Moon.


Mas a grande estrela é mesmo Sam Rockwell. Na pele de Sam Bell, Rockwell carrega o filme sozinho, contracenando com ele mesmo. A angústia do confinamento na Lua, “felicidade” por ter uma companhia até os decisivos momentos finais é brilhantemente passado por ele. O trabalho de maquiagem também faz seu papel, mostrando muito bem a decadência do Sam machucado com sua contraparte.

Moon não é surpreendente. Você mata a charada na primeira meia hora. E apesar de alguns deslizes, ele não insulta sua inteligência e ainda garante uma boa discussão.

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