O Ser Supremo

A Censura nos Quadrinhos

Parte 1: Comics Code Authority.

Em nossas matérias passadas diversas vezes citamos o Comics Code Authority, como quando Algures escreveu sobre quadrinhos de terror e também citamos o livro “Sedução dos Inocentes”, na matéria dobre Parceiros Mirins a alguns verões passados. Mas será que nossos cinco leitores sabem o que foram essas porcarias e o quanto afeta os quadrinhos hoje?

O Ser Supremo em sua indubitável benevolência iniciará a partir desta quarta feira uma série de matérias sobre a censura nos quadrinhos, tentarei ser o mais completo possível, se acaso acontecer o milagre de esquecer algo ou disser alguma asneira, por favor, deixe um recado que retificarei na próxima matéria.

Antes de explicar sobre esse selo maldito, antes devo rapidamente contextualizar sua criação. Relaxem, pois que o titio Al Lock não vai deixar o Alex encher vocês com uma aula de história xarope! Vamos voltar para a 1950 durante o período mais inusitado da guerra fria, o senador Joseph Mccarthy inicia a campanha contra todos que suspeitassem ser ou simpatizassem com o comunismo. Essa verdadeira caça às bruxas, conhecida como Terror Vermelho (Red Scare) afetou principalmente membros da indústria de entretenimento, destruindo carreiras de diretores, atores, escritores. Eram sujeitados a diversas audiências, onde se questionava a integridade do acusado e suas tendências anti americanas (seja lá o que isso quer dizer!). Para se ter idéia de quão escroto foi essa época, hoje em dia a expressão “Macartismo” é usada para demonstrar atividades governamentais que visam diminuir expressões sociais que o desagradam, limitando a liberdade civil usando a desculpa de proporcionar maior segurança. Exatamente como o Patriotic Act implantado pelo nosso amigo Bush pós Onze de Setembro.

Nessa mesma década, o psiquiatra Frederic Wertham publica o livro Sedução dos Inocentes. Um livrinho lazarento que dizia que as revistas em quadrinhos influenciavam negativamente a mente dos jovens americaninhos. Neste livro se discutia a grande alusão às drogas, violência, nudismo contidas nas histórias da época, atacava não só as histórias policiais, mas também o terror e os super heróis. As coisas que o sujeito escreveu sobre o Batman e a Mulher Maravilha são clássicas, não vou escrever hoje sobre, pois estes dois personagens merecem uma matéria só para eles. Mas esse livro teve uma repercussão tão grande que chamou a atenção do comitê da delinqüência juvenil liderado pelo também puritano Estes Kefauver.

A indústria em quadrinhos foi obrigada a se auto regular criando o Comics Code Authority, que regulava além das histórias publicadas, as cores que deveriam ser usadas, até mesmo as palavras! Portanto quem não se adequava ao selo, era vetado a distribuição em escala nacional para as grandes lojas e livrarias, lembrando que ainda não existia as comics shops na época, era uma coisa muito ruim não ter o selo. O resultado direto disso foi à completa destruição da EC que publicava quadrinhos de terror, o editor William Gaines, foi inclusive chamado para depor no comitê. A coisa foi feia!

Esse ridículo selo existe até hoje, já foi revisado trocentas vezes e hoje em dia é tão inútil quanto televisão para cegos. Mas ainda é necessário para se conseguir vender para as grandes lojas americanas como o Wallmart e K-Mart. No Brasil, como todo país sem identidade, embalando dos americanos, tinha o selo “aprovado pelo código de ética” estampado nas capas dos gibis, podem procurar em sua coleções antigas que garanto que estará lá! Só que no Brasil a diferença é que funcionava exatamente como a lei que proíbe reprodução total ou parcial de um livro, quem fez ou esta fazendo faculdade sabe que ninguém dá a mínima para isso!

Na semana seguinte continuo falando sobre a censura nos quadrinhos, vou contar como as editoras deram um jeitinho de escapar dessa imposição, algumas delas usando de muita criatividade e outras chutando o balde! E para encerrar deixo uma singela pergunta: quem deve censurar o que as crianças devem ou não devem ver, os pais ou o governo?

Por Alex e Al Lock.

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