Moura em série

É o Humor na TV brasileira

Dae "Uarevers" ... sentiram minha falta? Mudanças profissionais me impediram de preparar minha coluna da semana passada... mas, como diriamos nós... UAREVAA. Aqui estou de volta, firme, forte AND rijo com o Moura em Série.

Bem, eu já falei de Smallville, Friends, Seinfeld... e você, garoto patriota que anda sempre de verde e amarelo, vai me xingar e dizer que eu sou americanizado. E eu vou, provavelmente, mandar você tomar em algum lugar. Mas, para não sair tão mal, vamos falar da televisão brasileira!

Ué? Cadê a empolgação?

Pois é. A TV brasileira, mesmo considerada uma das melhores do mundo (imagino que a Rede TV não pegue na casa de quem disse isso) não costuma nos brindar com grandes propostas. Pelo menos a TV aberta. Mas de vez em quando, algo de muito bom surge, em meio a porcariada de massa produzida. Mas vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Quando ainda um pequeno garotinho, estava no ar o TV Pirata. Humor de qualidade absolutamente non-sense. Eu pouco me lembro do programa no ar, mas o DVD estava ali pra me provar isso. Um elenco afiadissimo, com Luiz Fernando Guimarães, Regina Casé, Ney Latorraca, Marco Nanini, Cláudia Raia, Débora Bloch, Diogo Vilela, Pedro Paulo Rangel, entre outros, usavam do besteirol pra sacanear a sociedade, a política e a própria televisão. Momentos marcantes? A telenovela "Fogo no Rabo" - que zoava com estilo todos os clichês de telenovelas - e a morte do Barbosa. Não sabe quem é o Barbosa? Herege!! Clique aqui e seja feliz! http://www.youtube.com/watch?v=ESF-i1LCsSw

Mas aparentemente, o TV Pirata é de uma época em que a Globo ainda permitia que os seus programas tivessem autonomia criativa e não criava os limites que hoje todo humoristico do canal parece ter. E humor com limites perde muito de sua graça.

Uma prova é o Casseta e Planeta. Começou muito bem lá nos anos 90. A trupe de humoristas, que surgiram dos jornais, tinha a lingua solta e bem afiada. Seguiram na linha do TV Pirata. Mas com o tempo, aparentemente, a rédea encurtou, e a cada ano o programa se torna mais patético. A graça se foi com o olhar cínico dos humoristas, que parecem ter amansado. As piadas, que já foram de uma inteligência digna de Millor Fernandes, agora é feito com base em flatulências, bundas, e bilaus. Chega a ser vexatória a situação do programa. Conhece uma coisa chamada "vergonha alheia"?

Impossivel falar de vergonha alheia sem citar mais uma série de "humoristicos", que de engraçado, só tem a intenção. "Sob Nova Direção", criado nas costas do talento e química de Ingrid Guimarães e Heloisa Perrissé afundou feio. As duas atrizes mandavam muito bem no espetáculo "Cócegas"... e logo, uma sitcom com as duas foi pro ar. Mas faltou uma coisa: humor. O roteiro não tinha piadas e se apegava ao "apelo" das atrizes. Com muita dificuldade consegui dar UM sorriso amarelo em um episódio qualquer. Isso se não citarmos o pavoroso "Zorra Total". Uma vez vi um apresentador qualquer chamando o programa de "Berçário do Humor". Eu chamaria de "Necrotério do Humor". Basta um comediante ter um quadro no programa para perder toda a graça. Dúvida? Pois bem, Jajá e Jujú, quadro deprimente, é protagonizado por Joseph Climber! Hilário no Melhores do Mundo (o grupo de teatro, não o site safado), na TV ele chega a dar dó tentando fazer rir. Há algum tempo estreou o personagem Seu Banana, interpretado pelo fantástico Marcelo Mansfield. Seu Banana não é nada mais que a adaptação do personagem Seu Merda, do Terça Insana, para a tela. E adivinhe só. Totalmente sem graça. Como eles conseguem transformar um quadro em que você chora de rir em um quadro que você troca de canal em 30 segundos?

Mas tio Moura, o senhor vai só malhar o pau e descer o cacete na TV brasileira? Não, não. Como eu disse anteriormente, tem coisa boa aí no meio. Os Normais, de Luis Fernando Guimarães e Fernanda Torres, por exemplo. Inovador, moderno, selvagem e, o mais importante de tudo, engraçado. As nóis e neuroses de cada um, mostradas na pele do casal Rui e Vani, rompia os limites do controle global e até mesmo chocava os mais puritanos com a sua falta de papas na língua. Creio que tenha sido a primeira Sitcom com todo o estilão americano a dar certo no Brasil. Se não for a única.

Logo depois do fim de Os Normais, outra Sitcom dos mesmos criadores estreou, Os Aspones. Mas, mesmo com o elenco talentoso encabeçado por Selton Mello, o roteiro de piadas fracas não segurou a onda.

A Globo então apostou mais uma vez no roteiro de Alexandre Machado e Fernanda Young e no talento pra comédia de Luiz Fernando para produzir "Minha Nada Mole Vida", uma comédia sobre a vida de um apresentador de TV estilo Amaury Júnior. Ao contrário de Os Aspones, essa série teve uma boa recepção do público e piadas ótimas, e abrindo caminho até para a ressurreição do hit "Everybody dance now!"...

Outro seriado que merece créditos é "A Grande Família". Uma comédia leve, divertida, que se não te faz dar uma gargalhada, te deixa com um sorriso no rosto. A trama de série é do tipo "evolutiva", e não se estagnou. Até mesmo a morte de Rogério Cardoso, um dos protagonistas do programa, rendeu um episódio simpático e emocionante. Destaques aqui para Pedro Cardoso, o já icônico Agustinho.

Recentemente "A Diarista" saiu do ar. Não diria que a série era ruim, mas era aquém do que poderia ser. Os roteiros eram confusos e as vezes muito fracos. E Cláudia Rodrigues conseguiu tornar sua Marinete extremamente antipática. Mas como quase tudo tem seu lado bom, as participações de Solineuza e Figueirinha as vezes valiam o episódio todo.

No seu lugar estreou "Toma Lá Dá Cá". Esse é um tanto quanto polêmico. Tem gente que ama, gente que odeia, e gente que caga pra ele. Eu sou um dos que gosta. Acho o humor ácido em alguns momentos (e concordo que toscos em outros). O que mais me espanta no programa é que os melhores personagens são femininos. Raramente papéis bons em comédias são concedidos para mulheres, e neste elas são, não apenas a maioria, como o carro chefe. Destaque, é claro, para as coadjuvantes, a empregada paranaense Bozena e a síndica intrometida Álvara. Duas atrizes até então desconhecidas do grande público que roubaram a cena de grandes estrelas como Marisa Orth, Miguel Falabela e Adriana Esteves. Outro fator interessante é a existência do público, e da quarta parede. Ao contrário de seu irmão mais velho, "Sai de Baixo", Toma Lá não interage com o público, que está lá apenas para o efeito de claque.

Falando em Sai de Baixo, eu pretendo futuramente falar especificamente sobre ele, que se tornou um fenômeno no país lá no meio da década passada. Mas isso vai levar um post inteiro, e como esse já tá enorme, eu fico por aqui.

Bom, galera, conforme for o "fidibéqui" dessa matéria, eu pretendo continuar analisando a TV Brasileira... como podem ver eu apenas falei de alguns humoristicos da Globo, e ainda temos muitas emissoras pra azucrinar. Além do que eu PRECISO falar sobre "Caminhos do Coração" aqui... heheheh...

Fica aqui o último conselho do Moura pra vocês... aluguem o DVD do TV Pirata, dos Normais e sejam mais felizes.

Barboooooosa.

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