Turma da Mônica: Laços


Eu não sou grande fã da Turma da Mônica, não conheço pessoalmente os autores da obra, não sei de cabeça todas as referências a historiografia dos personagens usadas, mas nada disso impediu de ter uma boa experiência a se ler esse novo trabalho do selo Graphic MSP e, pra mim, é o grande mérito dessa revista.




Uma das coisas postas pelo editor da Maurício de Sousa Produções, Sidney Gusman, em qualquer entrevista que ele dê é que a proposta do selo Graphic MSP é ser universal em seu conteúdo, isto é, mesmo que autores coloquem referencias passadas ou que os personagens já tenham décadas de existência a obra tem que ser lida por qualquer um e em qualquer lugar do mundo.

Na primeira incursão desse selo, Astronauta: Magnetar do Danilo Beyruth, podemos ver bem isto ao conferirmos uma aventura de um astronauta a deriva no espaço tentando salvar-se e voltar pra casa, tema mais do que reconhecível e dentro da cultura pop seja no Brasil ou em outros país. Com Turma da Mônica: Laços (Vitor e Lu Cafaggi) essa ideia permanece, mas dessa vez tratando de temas como amizade e aventura infantil, que remete a vários filmes (principalmente para os oitentistas, como eu, Goonies), livros, quadrinhos etc. ao longo da história.

Sinopse: O cachorro do Cebolinha chamado Floquinho desapareceu. Para encontrá-lo, ele conta com os amigos Cascão, Mônica e Magali para entrarem numa jornada de busca e reforço de sua amizade.

Na primeira sequencia da revista nos é apresentado o Cebolinha ainda criancinha ganhando seu cachorro de presente, vemos desde aí a preocupação da dupla de autores com o tema da amizade, afinal, não é sempre dito que o melhor amigo do homem é o cachorro? Logo em seguida, outra sequencia apresenta os outros personagens durante uma fuga do agora mais velho Cebola e seu amigo Cascão das coelhadas da gorduchinha Mônica.

É muito legal ver como a dupla em pouco tempo nos situa nas personalidades e relacionamento dos personagens, em uma narrativa bem dinâmica e divertida para nos jogar no emocional da noticia do desaparecimento do Floquinho (o quadro do Senhor Cebola na porta de cabeça baixa olhando pro seu filho sem noticias do animal é de apertar o coração). Toda a obra é pautada por tal caráter emotivo, seja em lembranças, na relação homem-animal, na forma como os personagens são trabalhados em seu cooperativismo e sentimentos um pelo outro, se tornando de fato uma declaração de amor dos Cafaggi Brothers aos personagens do Maurício.



Todo esse cuidado e carinho pelo trabalho é refletido não só no seu roteiro, mas, principalmente, em seus traços - de uma sutileza bonita e característica dos trabalhos anteriores da dupla - e das cores, com contribuição da Princilla Tramontano, que dão um tom lúdico aventuresco e, de fato, bem do universo infantil que aborda. Mas tenho que confessar que os momentos flashbacks desenhados pela Lu Cafaggi são minhas partes favoritas, até por serem como contos contidos sobre encontros, tema que adoro.

Não sei se meu nível de expectativa sobre os produtos da Graphic MSP estava muito grande depois do primeiro volume, ou se por eu gostar mais de ficção cientifica, mas esperava algo a mais de Laços. Não sei dizer o que seria esse algo mais, mas ao terminar a leitura senti como se me faltasse algo ali, talvez, como disse anteriormente, por não ser tão fã e conhecedor da Turma e não ter uma relação emocional com os personagens como algumas pessoas que já me falaram ou li que foram as lágrimas e coisas do tipo. Realmente, o que me pegou mais a coisa da relação de amigos e as lembranças infantis e de produtos culturais que versem sobre mesma temática, o que já é algo bem legal de se ver numa história em quadrinhos.

Para fãs ou só leitores eventuais, Turma da Mônica: Laços é mais do recomendado tanto por seu conteúdo narrativo quanto estético e memorial.

Nota: 9.0

Turma da Mônica: Laços
Ano: 2013
Autores: Vitor e Lu Cafaggi
Editora: Panini Comics / MS Produções

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