A Hora do Flama


O período eram os anos 60, o mal andava a solta pela interiorana cidade paraibana de Campina Grande. Vilões de todos os tipos espalhavam o caos e só um herói poderia ajudar a população. Essas eram as suas aventuras, as Aventuras do Flama.

Autor: Mike Deodato Jr.

Criado inicialmente como uma peça radiofônica da Rádio Caturité, diariamente de segunda a sexta, às 13h - em uma resposta ao sucesso da radionovela “Jerônimo, o Herói do Sertão”, produzida no Rio de Janeiro e transmitida no Nordeste pela Rádio Jornal do Comércio de Recife – As Aventuras do Flama ganhou na mesma época uma revista em quadrinhos própria roteirizada e desenhada pelo seu criador: Deodato Borges, pai do famoso desenhista Mike Deodato Jr., ilustrador exclusivo da Marvel Comics.

A HQ do Flama, assim como o programa radiofônico, foi um marco na história do gênero na Paraíba, sendo tanto o primeiro seriado radiofônico do Estado quanto a publicação impressa pioneira no eixo norte-nordeste no gênero de super-heróis. O sucesso do personagem era tanto que até um Clube do Agente Secreto do Flama foi criado pelos produtores, que identificava seus integrantes com carteirinhas que lhes rendiam prêmios e acesso ao auditório da Rádio. Segundo Deodato Borges “os quatro mil exemplares do primeiro número nem chegaram às bancas. Quando anunciei no rádio, a garotada foi toda para a escadaria da rádio”.

É notório a influencia de Deodato nos quadrinhos de Will Eisner, em especial The Spirit, o qual o desenhista paraibano sempre se colocou como fã. Ao lado do herói vinham o Comissário Laurence, sua noiva Eliana, Bolão e seu amigo Zico (não o jogador, claro), que faziam muito sucesso com o público infantil. Infelizmente, o projeto em quadrinhos para o personagem não durou muito, alguns falam em duas ou três edições e outros afirmam que só tenha sido lançada uma edição, e hoje em dia é praticamente impossível encontrar em perfeitas condições algum exemplar – ficando só com algumas páginas digitalizadas ou fazendo parte de alguma revista especial sobre a história dos quadrinhos no Estado.

Contudo, recentemente Mike Deodato Jr. anunciou o retorno do Flama, mas não como conhecíamos. Junto com o jornalista Rodrigo Salem, editor de cinema e internacional da revista Contigo! e ex-editor da Set, Mike começa a preparar uma nova versão do personagem. Em matéria publicada no Jornal da Paraíba, 27/8/2010, é relatado que o processo começou quando Mike Deodato enviou para Rodrigo um episodio do programa de rádio do Flama, logo após o jornalista chegou com a idéia de uma nova visão sobre o personagem. Salem conta que:

“Tive a idéia de incorporar elementos políticos dos anos 1960 ao texto e vi a importância da obra de Deodato Borges na criação de um personagem universal no interior do Nordeste, há 50 anos”.
Autor: Mike Deodato Jr.


Segundo os autores, a história colocará o personagem no meio da Ditadura Militar, mas iniciará com o herói velho e passando o bastão para o filho nos tempos atuais.

“A história é crua, com elementos políticos e com muita ação. tem toques de Miracleman, de Alan Moore, O Cavaleiro das Trevas, Tropa de Elite…”, completa Salem, que levanta a questão: se o Flama tivesse existido mesmo, por que ninguém lembraria dele?

Autor: Mike Deodato Jr.

A proposta é fazer uma minissérie em seis partes, com 22 páginas cada, em um processo de produção que deve durar por volta de um ano ou dois, por conta das atividades profissionais de Mike Deodato com a Marvel, o que lhe deixa tempo de trabalhar com o Flama só nas horas vagas.

Autor: Mike Deodato Jr.
De acordo com a matéria Deodato Borges deu liberdade total para a repaginação do personagem, sendo consultado sobre as mudanças. “Eu acho que isso devia acontecer com todos os antigos heróis, e não ficar como muitos personagens do passado que caíram no esquecimento”, conclui Salem.

Apesar de o visual não ter me agradado muito nessa nova versão do Flama, acho interessante o resgate de personagem tão emblemáticos para a história dos quadrinhos nacionais, principalmente se buscarem uma visão diferente do americanicismo que normalmente vemos nas produções de super-heróis nacionais. 

Confesso que já tive uma idéia ou duas para usar no Flama, mas como dizem “quem não faz leva” e quem sou eu para concorrer com o filho do criador. Ainda bem que a minha idéia reaproveitei para outro projeto, esse em literatura escrita não gráfica. Enfim, deixo vocês com uma mostra de um dos programas radiofônicos do personagem.


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