Namor: As Profundezas


As histórias em quadrinhos de super-heróis foi um gênero que surgiu derivado das histórias pulps, de detetives e aventureiros, essas, por sua vez, já vinham conectadas a lógica das obras aventurescas do Século XIX. Contudo, com a massificação do produto e de seus personagens, muito dessas ligações mais literárias foram se perdendo, felizmente, de vez enquando (infelizmente), alguns autores realizam obras mais voltadas para esse passado dos comic books. 

É o caso de Namor: As Profundezas com roteiros de Peter Milligan e a bela arte de Esad Ribic. Um conto sobre os medos interiores humanos, os mistérios do fundo do oceano e como se construir um bom suspense em quadrinhos.



No encadernado lançado pela Panini em 2010 (e saído originalmente em Sub-Mariner - The Dephts # 1 a # 5), vemos o cientista e explorador do mundo Randolph Stein em uma missão a mando da marinha norte-americana para investigar o misterioso desaparecimento do Capitão Marlowe na Fossa das Marianas - o local mais profundo dos oceanos – em sua missão de encontrar a cidade perdida de Atlântida. Stein, famoso por desmistificar lendas mundo afora, lidera um grupo de marinheiros supersticiosos que acreditam que o desaparecido se encontrou com um monstro marinho meio homem, meio peixe, que derruba barcos e mata humanos para proteger a cidade perdida.

É obvio a referencia de As Profundezas com as obras de Julio Verne, em especial Vinte Mil Léguas Submarinas, e até colocaria Moby Dicky (fera que derruba barcos e ninguém nunca viu direito). E é dentro dessa proximidade, e Milligan explora bem isso, que a hq ganha em qualidade, afinal, o melhor suspense está naquele em que não vimos o motivo de nossos medos. Além disso, o binômio fé-incredulidade é muito bem trabalhado durante a jornada dos exploradores. Stein sempre refutando com algum argumento cientifico fatos que os tripulantes atribuem a fera dos setes mares, e até os pontos onde ele mesmo passa a questionar se realmente não existe esse ser.

Os desenhos de Ribic (das minisséries Loki e Surfista Prateado - Réquiem) são perfeitos para a temática da história, com seu estilo pintura, buscando um realismo, onde ele retrata muito bem o Príncipe Submarino, até a breve aparição da Atlântida – por sinal bem na forma como locais sagrados em livros de aventuras eram retratados. 

Concordo plenamente com o Universo HQ quando coloca que essa história é:

Mais um magnífico exemplo de como as HQs deveriam (e devem) ser: roteiro simples e bem escrito, arte estupenda e detalhada no que importa e, antes de tudo, a sensação de ter lido uma obra muito acima da média, que cumpre seu papel de entreter.

Quando li Nas Produndezas me senti realmente transportado para um filme da melhor qualidade ou ainda um livro fantástico, como se fosse companheiro daqueles tripulantes, sentindo suas angustias, dúvidas, medos, temor pelo o desconhecido e pelo que pode nos espreitar quando olhamos para o abismo. Lembrei-me logo de uma fala que um amigo certa vez me disse: “a humanidade ao invés de tentar saber o que se passa no espaço distante, deveria explorar melhor o oceano próximo”.

Título: Namor – As Produndezas
Editora: Panini Comics
Preço: R$ 22,90
Número de páginas: 120

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