Uaréview
por Rafael Rodrigues
por Rafael Rodrigues

O agora um pouco distante ano de 1999 foi quando eu tive acesso a uma experiência interessante. Sem saber absolutamente nada sobre o assunto, fui convidado para um encontro a quatro no cinema para assistir um estranho “filme de hackers” chamado Matrix. Mal sabia eu que este seria um grande sucesso do cinema e que o filme me impressionaria tanto.
Já faz um bom tempo desde que eu assisti Matrix pela primeira vez nos cinemas (11

Mas então eis que estou no Do Arco da Velha, livraria e café aqui da minha cidade do qual sou freqüentador assíduo e encontro uma antologia que reúne diversas histórias inspiradas no universo de Matrix chamada The Matrix Comics – Volume Um. A arte da capa me chamou a atenção, mas como nunca julgo um livro pela capa (tu dum tss), só decidi comprar quando olhei a lista de autores que faziam aquela coletânea: Geoff Darrow, Bill Sienkievicz, Neil Gaiman, Ted Mckeever, John Van Fleet, Dave Gibbons, David Lapham, Peter Bagge, Troy Nixey, Paul Chadwick, Ryder Windham, Kilian Plunkett, Gegory Ruth e Spencer Lamm, além é claro dos criadores do filme, Larry e Andy Wachowski.

As histórias, assim como seus criadores, são as mais variadas possíveis, mostrando desde eventos que precedem a criação da Matrix (“Fragmentos de Informação”, escrito por Larry e Andy Wachowski, com arte de Geoff Darrow), histórias passadas dentro da Matrix que pouco falam sobre o assunto (“Preocupando-se com as pequenas coisas, de Bill Sienkievicz) até histórias fora da história, brincando com quem não “entendeu” o filme (“Sacou?”, de Peter Bagge) e, é claro, histórias que exploram o mundo fora da Matrix e os rebeldes.
Esta coletânea me fez ver que, mesmo em um universo rico e criativo como

Claro, é bem possível que os autores já imaginavam isso, tanto que o filme desde no seu lançamento, teve seu universo expandido para outras mídias, com histórias em animação (“Animatrix”, não deixem de ver, altamente recomendável), Games (Enter de Matrix) e os quadrinhos. E ter incluído os quadrinhos como meio para contar histórias foi ótimo para uma criação que tem a “alma” das histórias em quadrinhos, principalmente porque os autores desta coletânea não se limitam apenas a contar histórias, e sim a contá-las de formas criativas e utilizando-se daquilo que faz os quadrinhos serem tão fascinantes: sua versatilidade técnica. Golias, de Neil Gaiman – que é na verdade um conto ilustrado – é um bom exemplo.

Em tempo: fique atento às diversas referências que as histórias fazem à literatura (Como na história “Caçadores e Coletores”, que remete à Moby Dick), pensamentos orientais (“Borboleta” de Dave Gibbons), além é claro das referências aos próprios personagens do filme.
Nota: 9,5
Rafael Rodrigues um dia sonhou que era uma máquina, e por um momento não sabia se era um homem sonhando que era uma máquina ou uma máquina que sempre sonhou ser um homem. Na dúvida, serviu um café e colocou o dedo na tomada.