Uaréview
Por Marcelo Soares
"Não é impossivel ser feliz depois que cresce.
Só fica mais complicado" (Mano)
Ser adolescente não é fácil, são um turbilhão de sentimentos, sensações, pensamentos em um microinstante. Cada segundo é uma eternidade e o menor problema se torna uma tempestade. È para esse público que Laís Bodasky, diretora de belos filmes como Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade, fala em As Melhores Coisas do Mundo (2010). Com Roteiro de Luiz Bolognesi, o filme é inspirado na série de livros “Mano” de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, e tem no elenco Paulo Vilhena, Caio Blat, José Carlos Machado, Gustavo Machado, Denise Fraga, Fiuk e apresentando Francisco Miguez.
Segundo o release oficial do filme: As Melhores Coisas do Mundo retrata o universo de Hermano, conhecido como Mano (Francisco Miguez). Adolescente de classe média, filho de intelectuais, mãe (Denise Fraga) e pai (Zé Carlos Machado) professores de pós-graduação e irmão mais novo de Pedro (Fiuk). A chegada do mundo adulto vem cercada de dificuldades de tirar o fôlego e exige do protagonista uma grande transformação em sua forma de ver o mundo.
Uma das grandes críticas feitas ao cinema nacional é a falta de obras que falem sobre o mundo infantil e o mundo dos adolescentes de uma forma real, sem exageros ou maneirismos. “As melhores coisas...” consegue esse feito, levando a vida de jovens de classe media com seus problemas existências, paixões instantâneas, aprendizados, duvidas e sofrimento, sem ser piegas, chato ou vazio. Como se referiu um amigo: “Uma Malhação com conteúdo”. Reirando alguns clichês em estéticas de narrativa, direção e roteiro, já se tornou um dos melhores, para mim, desse ano.
O filme me fez lembrar clássicos do saudoso John Hughes, como Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado, na forma como respeita o pensamento dos jovens. Muito desse entendimento se deve ao belo trabalho de pesquisa da direção e roteiro indo em escolas, entrevistando alunos, conhecendo suas visões de mundo, o que gostam, fazem e pensam, levando para a tela questões como virgindade, a importância da musica, os preconceitos escolares, a vida em grupo e o estresse que uma paquera pode causar, porém, não de forma caricata. Gerando, assim, uma identificação não só do adolescente espectador, mas, também, de qualquer adulto que não consegue não se lembrar de suas peripécias de juventude e seus pensamentos naquela época.
Se Hughes retratou tão fielmente o adolescente da década de 80, Laís Bodanzky trouxe o mundo atual, com sua tecnologia, e conseqüências dela como fotos espalhadas via celular e blogs. A realidade de um jovem, em meio a um mundo cruel, complicado e em constante modificação.
Nota: 9,5
PS: O site oficial do filme é bem interessante de se ver, tem até um plano educacional de como se usar o filme em debates escolares.
PS2: Combinou de que vi o filme logo após ver outra obra referente a juventude brasileira: Pro Dia Nascer Feliz, documentário sobre a vida de alunos de nivel fundamental e medio de vários lugares do país. Recomendo também.
PS3: A trilha do filme é um caso a parte, muito boa e agradavel de se ouvir. Especialmente de se ver o suo de Something, dos Beatles, como tema do protagonista que procura usá-la para conqistar uma garota. Nada mais apropriado!