UARÉVIEW
por Freud
por Freud

20 estórias de 8 páginas, sem ligação com cronologia e um ótimo elenco de artistas com liberdade (quase) total de criação.
Seria um grande desperdício algo assim dar errado. E felizmente, não deu.
Mas Freud, isso é review que se faça? Essas histórias tem mais de 10 anos e até esse encadernado da Panini já tem quase um ano nas prateleiras!!
Uarévaa, eu nunca tinha lido e curti muito minha edição faturada no nosso amigo secreto (Valeu, Jeet!!). Além do mais, é produto disponível em livrarias e estória boa não tem idade.

Com vários autores escalados para dar sua visão sobre o personagem (cada um tem a sua) vemos várias características diferentes do herói sendo exploradas, como sua relação com as vítimas que não salva a tempo (na tocante Luto eterno, de Ted McKeever), sua imagem às vezes inspiradora (em A lenda, de Walter Simonson), às vezes ameaçadora (esta mostrada de forma curiosa em Galho torto, de Bill Sienkiewicz), sua solidão e compaixão (na natalina Noite de sangue, do mestre Dennis O'Neil com arte de Teddy Kristiansen) e sua vunerabilidade tão rara de se ver hoje em dia (tanto em Sujeito inocente, de Brian Bolland, quanto em Os olhos do menino morto, de Kent Williams, que nas 3 últimas páginas mostra de forma brilhante o elo do herói com sua cidade).

Quem quase rouba a cena mesmo é o veterano Archie Goodwin que roteiriza duas das melhores estórias da coleção: O trompete do demônio, conto de horror desenhado por José Muñoz e a muito merecidamente premiada Heróis, desenhada por Gary Gianni.
Pequenos crimes, de Howard Chaykin é bem interessante e inusitada, principalmente porque eu vergonhosamente devo admitir que me identifiquei um pouco com o vilão "Dever cívico", rs... Vai dizer que você as vezes não tem vontade de arrebentar a cara de "espertos" que, com pequenos atos de egoismo, não respeitam os direitos alheios?
Criando monstros, de Jan Strnad e Richard Corben mostra crianças, pequenos soldados do mundo do crime e reflete sobre esse tema. Infelizmente nada de novo pra nós... A idéia é reforçar como a realidade é pior que qualquer monstro ou vilão de quadrinhos... "Como se fosse preciso um laboratório e um cientista louco para fazer um monstro." Mas mesmo assim, o laboratório e os monstros aparecem em outra estória do mesmo autor, Monstros no armário, desenhada por Kevin Nowlan, cujos traços precisos e ritmo tornam uma trama simples numa ótima estória. Em seu próprio estilo é o que também faz Matt Wagner em Assalto. Trama mais simples, impossível: Batman pegando um a um os assaltantes de uma mansão, mas a estória é muito legal.
Em Boa noite, meia noite o conhecido arte finalista e desenhista Klaus Johnson escreve pela primeira vez e me surpreende por já começar tão bem. Sua estória mostra todo o amor do pai de Bruce Wayne por seu filho e como os dois acabam parecidos, e tambem, sem uma única palavra, como esse amor acabou transferido para o mordomo Alfred.

Resumindo, gostei muito dessas 16 estórias citadas. Não vou comentar as outras 4, mas mesmo elas valem como curiosidade. O encadernado ainda trás ótimos extras: Pinups, layouts, esboços de páginas e algumas curiosidades sobre as estórias contadas pelo editor original.
Preço R$ 49,00, 240 páginas, capa dura, formato 19 x 29,5 e papel Couché.
Curiosidade: O sucesso criativo e comercial desse projeto gerou alguns filhotes:
- Estórias secundárias nesse formato, na revista Batman: Gotham Knights, que acabaram também encadernadas lá fora como volumes 2 e 3 dessa série. (O volume 2 inclusive saiu aqui pela Panini em DC Especial 4, por R$12,90);
- Uma bela série de estatuetas com os Batmans desenhados por diversos artistas. Veja abaixo a baseada na versão de Matt Wagner.
