Os quadrinhos e o marketing 2.0
Por Marcelo Soares
Por Marcelo Soares
Na minha última coluna eu falei sobre como os quadrinhos podem utilizar o esquema de referêncialidade como forma de atrair leitores e incrementar sua produção. Curiosamente, caiu sobre meus olhos dia desses um artigo feito por Cândida Nobre intitulado: a realidade e a atualidade na promoção do filme Batman: o cavaleiro das trevas. Nele, ela discute como as ações de marketing de The Dark Knight trouxeram uma noção de realidade para uma cidade fictícia, e viva só no imaginário de seus fãs: Gotham City.
Acho que desde que Lost criou seu Lost Experience (chamado carinhosamente pelos fãs de LostXP), levando para outro patamar a junção das novas tecnologias da informação (blogs, youtube, sites, hyperlinks) com o mundo do entretenimento tradicional, em especial a televisão, ficou marcado na mente de quem gosta da área de comunicação (cinema, TV, internet, etc) que muita coisa podia ainda ser feita e descoberta, e não só pelo gênero de entretenimento, mas acredito que grandes empresas de outras áreas podem “enfeitar” sua marca usando desses recursos. Empresas como Nike, a agência italiana Bright.ly, A NBC com Heroes, o Guaraná Antarctica, já trabalham nessa perspectiva de saber que existe uma boa parcela de seu público consumidor que se interessa por esse novo meio de relacionamento com seus produtos preferidos.
Falei tudo isso, para chegar no ponto sobre os quadrinhos, e aproveitando o ensejo do texto do Change no MDM, onde ele “profetiza” que as HQ´s estão mortas, resolvi falar sobre como as empresas de quadrinhos tratam esse lado da nova cultura digital que surgiu. Talvez o mais comum de se ver sejam os tais “hotsites” exspeciais, como o da Guerra dos Anéis no Lanterna Verde ou da Guerra Civil da Marvel, essa última por sinal fez uma estratégia bem inovadora na época que deu bons frutos web afora: colocou a disposição dos leitores banners a favor ou contra o “registro de super-humanos” para serem colocados em blogs, sites, fóruns e afins, forma inteligente de manter na mente dos fãs a discussão em cima da história, mesmo depois do seu fim. São atitudes como essa que estimulam o leitor a procurar saber e ver mais e mais de uma revista, pena ficarem restritas a apenas megasagas, e não manter um constante interesse por revistas periódicas normais.
Aqui no Brasil a situação é ainda pior, por que as editoras não têm um pensamento em desenvolver atividades de marketing interessantes voltadas diretamente pro público brasileiro (e não somente copiar algo feito nos states), isso me faz lembrar as palavras do Change: “Você vê a Panini, que ainda encara seu atual site como um braço pobre de sua assessoria de imprensa, sobreviver mais dez anos aqui no Brasil?”. O Pior que as editoras de quadrinhos ainda pensam que seu lado virtual (site) é só uma forma de dizer o que vai ser publicado no mês, não exploram recursos multimídias poderosos e formas de atrair público. Lembro do lançamento da revista Kick Ass, de Mark Millar, em que fizeram um vídeo simulando o personagem da revista salvando alguém (cena essa que depois estava na revista), uma boa forma também de chamar a atenção de até quem não conhece muito quadrinhos.
Enfim, você já deve estar cansado de tanta filosofia e enrolação não é? Tentarei dar um tempo em posts desse tipo e diversificar também, afinal, para que se falar tanto sobre as possibilidades da internet e não ampliar minha própria produção?
Good Day and Good Luck