Simplicidade, bons desenhos, linguagem cinematográfica, bom humor e uma história de tirar o fôlego do inicio ao fim, daquelas que lhe prendem a cada passada de página. Assim é Eu morro á meia noite de Kyle Baker [não confunda com Clive Barker, criador de Hellraiser], escritor e desenhista da elogiada fase do Homem-Borracha [nem adianta dar alô a Panini que eles não têm nem humor, infelizmente].
Na história estamos na virada de 1999 para 2000, e temos toda a paranóia sobre o Bug do Milênio. Para Larry, definitivamente tudo estava para chegar ao fim mesmo, isso depois de ser abandonado pela namorada e tomar comprimidos para ter sucesso em um suicídio. Tudo ia “bem”: comprimidos tomados, carta suicida feita, então, de repente, o motivo do ato de morte bate na porta e se diz arrependida. A partir daí, o personagem passa por toda uma odisséia para conseguir não morrer. Tenta cuspir os comprimidos, mas não tem sucesso por conta de vários imprevistos, consegue auxilio por telefone de uma médica que lhe diz que se não vomitar o remédio até a meia-noite não teria mais volta. A corrida contra o tempo começa, saindo pelas ruas de Nova York, tentativa de assassinato no metrô, torta de uma “vôzinha”, explosões e atos heróicos. Uma história de amor bem estranha, mas por isso mesmo muito interessante.
O roteiro de Baker prende realmente o leitor, em alguns momentos vemos a narrativa como um roteiro técnico feito para o desenhista ou mesmo como se fosse um livro. Uma outra curiosidade é a falta de balões [os diálogos e recordatórios são em legendas, como nos quadrinhos antigos], o desenho em si é simplesmente fabuloso. O estilo é o já consagrado do autor: puxado para a animação infantil. A cada reviravolta da trama a tensão (colocada também na disposição de imagens e texto) vai aumentando, e a vontade de se ver a história animada na “tela grande” também. Particularmente, gosto de one-shots (histórias fechadas), acho que influenciado pelo costume de assistir curtas metragens, ver uma situação direta, com inicio, meio e fim (diferente da maioria das revistas periódicas da atualidade). Como diria um conhecido meu roteirista de cinema: “história curta é a piada pronta, aquela que é simples, direta, mas mesmo assim não é simplória, traz suas surpresas de uma forma interessante”.
Essa HQ faz parte de um projeto Vertigo chamado V2K, que relata contos da virada do milênio, outra série relacionada a este projeto é 4 Horsemen, com os quatro cavaleiros modernos do Apocalipse. Além destes dois, existem Brave Old World (Admirável Mundo Velho) que conta uma história em que, em vez do ano virar para 2000, o tempo volta para 1900. E a outra é Pulp Fantastic, do lendário Howard Chaykin ao lado de David Tischman (que já roteirizou Cable) e desenhos de Rich Burchett, numa história surreal de um planeta comandado por fanáticos religiosos. Boas inovações nesse mundo já desgastado dos quadrinhos americanos. Como, infelizmente, mais uma vez a Vertigo no Brasil perdeu sua casa, acredito que tão cedo veremos essa obra prima nas bancas por aí. Mas, assim que puderem leiam ela, e vejam como idéias que aparentemente são simplórias, se bem tratadas podem se tornar algo de alta qualidade.
Por Marcelo
Na história estamos na virada de 1999 para 2000, e temos toda a paranóia sobre o Bug do Milênio. Para Larry, definitivamente tudo estava para chegar ao fim mesmo, isso depois de ser abandonado pela namorada e tomar comprimidos para ter sucesso em um suicídio. Tudo ia “bem”: comprimidos tomados, carta suicida feita, então, de repente, o motivo do ato de morte bate na porta e se diz arrependida. A partir daí, o personagem passa por toda uma odisséia para conseguir não morrer. Tenta cuspir os comprimidos, mas não tem sucesso por conta de vários imprevistos, consegue auxilio por telefone de uma médica que lhe diz que se não vomitar o remédio até a meia-noite não teria mais volta. A corrida contra o tempo começa, saindo pelas ruas de Nova York, tentativa de assassinato no metrô, torta de uma “vôzinha”, explosões e atos heróicos. Uma história de amor bem estranha, mas por isso mesmo muito interessante.
O roteiro de Baker prende realmente o leitor, em alguns momentos vemos a narrativa como um roteiro técnico feito para o desenhista ou mesmo como se fosse um livro. Uma outra curiosidade é a falta de balões [os diálogos e recordatórios são em legendas, como nos quadrinhos antigos], o desenho em si é simplesmente fabuloso. O estilo é o já consagrado do autor: puxado para a animação infantil. A cada reviravolta da trama a tensão (colocada também na disposição de imagens e texto) vai aumentando, e a vontade de se ver a história animada na “tela grande” também. Particularmente, gosto de one-shots (histórias fechadas), acho que influenciado pelo costume de assistir curtas metragens, ver uma situação direta, com inicio, meio e fim (diferente da maioria das revistas periódicas da atualidade). Como diria um conhecido meu roteirista de cinema: “história curta é a piada pronta, aquela que é simples, direta, mas mesmo assim não é simplória, traz suas surpresas de uma forma interessante”.
Essa HQ faz parte de um projeto Vertigo chamado V2K, que relata contos da virada do milênio, outra série relacionada a este projeto é 4 Horsemen, com os quatro cavaleiros modernos do Apocalipse. Além destes dois, existem Brave Old World (Admirável Mundo Velho) que conta uma história em que, em vez do ano virar para 2000, o tempo volta para 1900. E a outra é Pulp Fantastic, do lendário Howard Chaykin ao lado de David Tischman (que já roteirizou Cable) e desenhos de Rich Burchett, numa história surreal de um planeta comandado por fanáticos religiosos. Boas inovações nesse mundo já desgastado dos quadrinhos americanos. Como, infelizmente, mais uma vez a Vertigo no Brasil perdeu sua casa, acredito que tão cedo veremos essa obra prima nas bancas por aí. Mas, assim que puderem leiam ela, e vejam como idéias que aparentemente são simplórias, se bem tratadas podem se tornar algo de alta qualidade.
Por Marcelo