Uaréview

Bom, pessoal, aqui é o Algures, escrevendo de Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch, em Wales, no Reino Unido (sim, esse é o nome da cidade), para fazer um Uaréview do filme Coraline, que eu só pude assistir este fim de semana, pois ando ocupado com minhas andanças pelo mundo a fim de desvendar a maior conspiração de todas. Mas enfim, vamos ao review:

O mundo secreto de de toda criança

Primeiramente, tenho que dizer que não li a obra original do Neil Gaiman. Sou o tipo de pessoa que não consegue ler um livro que não tem (por isso, não peço emprestado nem uso biblioteca, prefiro comprar o livro) e apesar de conhecer o autor de “outros carnavais” e reconhecer o seu talento, Coraline foi algo que nunca me interessou o suficiente para que eu decidisse adquirir a obra. Mas então saiu o filme e uma grande amiga de Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch e eu estávamos entre Sexta-Feira 13 e Coraline. A proximidade do horário nos fez escolher a segunda opção e, confesso, não me arrependi. Coraline foi adaptado para o cinema e dirigido por Henry Selick, diretor do excelente “O Estranho Mundo de Jack” (que muita gente pensa erroneamente ter sido dirigido por Tim Burton, quando este era só o produtor) o que, para mim, já dava uma credibilidade enorme para o filme.

Outro fato interessante é que o filme foi feito com a mesma técnica de “O Estranho Mundo de Jack”, ou seja, a animação em stop-motion, outra coisa que me chama bastante atenção pelo contexto artesanal da coisa, bem menos industrial e mais artístico. Mas a animação em si me surpreendeu mais do que eu imaginaria, pois ela é tão bem feita, que em nenhum momento aquilo parece stop-motion, muito pelo contrário; qualquer um vai ter a certeza de que aquilo é uma animação 3D tradicional. Além disso, a animação consegue algo que é extremamente difícil nesse gênero, balancear realidade com fantasia de forma competente. Além disso, é feito em 3d Rotoscópico, ou seja, para ver com óculos especiais (e, se não me engnao, é o primeiro stop-motion a usar o 3d rotoscópico).

Quanto à história, para quem não conhece, aí vai um pequeno resumo: Coraline é uma menina imaginativa como toda criança em sua idade, e acaba de se mudar para uma velha casa longe de seus amigos. Seus pais não dão atenção à ela por causa das pressões em seus trabalhos e a menina acaba ficando sempre de lado. Sozinha numa casa antiga, ela resolve explorá-la, até que descobre uma porta pequena tapada por um papel de parede, e que a levará por uma jornada maravilhosa por um mundo que pode ser tudo o que ela sempre quis... Ou não.

Em muitos aspectos, o filme lembra muito filmes dos anos 80 como Labirinto e A Lenda, mas talvez um pouco menos “ingênuo” que estes. Também remete aos clássicos antigaços das Disney, mas principalmente me lembrou bastante Labirinto do Fauno, embora este seja mais um filme de terror e não é nem um pouco infantil. E, assistindo esse filme, fui obrigado a concordar com meu melhor amigo, que sempre diz que não sabe como os estúdios conseguem errar a mão em um filme. É impressionante, pois Coraline faz aquilo parecer uma coisa muito fácil de se fazer.

Antes de mais nada, é bom deixar bem claro que o filme é, em primeiro lugar, um filme infantil. Mas, como toda obra infantil eficiente, é uma história para toda a família e uma aventura emocionante. É difícil vermos histórias infantis com os mesmos olhos depois que crescemos, pois nos tornamos chatos e perdemos aquele senso de inocência que nos fazia acreditar que tudo era possível. Coraline me trouxe tudo isso de volta e, durante as quase duas horas do filme, voltei a ser criança de novo. E, não vou mentir, foi maravilhoso.

Coraline é um filme que não tem nada de mais; apenas uma boa história, simples, com personagens cativantes, e escrita de maneira extremamente passional. Mas é exatamente isso que torna as histórias inesquecíveis.

Coraline é um filme para se ver, rever, e se ter em casa. Uma produção encantadora e que traz à tona a criança que existe dentro de nós. Se todos os filmes destinados ao público infantil fossem como este, o futuro seria muito mais brilhante. Ou, pelo menos, muito mais imaginativo.

Nota 9

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