Em Homenagem ao falecimento de Arthur Clarke uma edição especial sobre um dos livros dele que mais me cativaram. Afinal, toda Sala que se preze tem uma estante de livros também:
"Só então Reinhold Hoffman soube, da mesma forma que Konrad Schneider e nop mesmo momento, que tinha perdido a corrida. E soube que a tinha perdido não por uma questão de semanas ou meses, conforme temera, e sim de milênios”
A decada era a de 50, a corrida espacial fervia na mente e nas emoções de russos e americanos. Chegar primeiro ao espaço e a lua era ordem de primeiro grau em orçamentos, noticiários, discussões e planos internos dos governos envolvidos. Anos de planejamento são jogados no lixo quando várias naves gigantescas surgem nos céus das principais cidades do mundo. O Homem devinitivamente não estava só no universo, a pergunta que não calava durante anos fora respondida. E agora?
Assim começa o livro O Fim da Infância (Childhood´s End, 1965) uma das inúmeras obras do mestre da ficção científica Arthur C. Clarke (e se você não sabe quem é ele em que setor espacial você vive?). Nessa história ele trata da chegada de uma raça extraterrestre de uma forma surpreendente, não vemos presidentes pilotando naves em uma guerra, nem um pai de familia correndo com a filha fugindo de insetos gigantes, mas sim extraterrestres que querem evoluir a raça humana, torná-la mais pacifica e unida. Anos depois do surgimento das naves nos céus do mundo o mundo passou a acatar algumas ordens para o “bem estar dos humanos” vindas dos estrangeiros terrestres; o secretário-geral da ONU vive de reuniões com os novos Senhores Supremos (nome dado pelos humanos aos ocupantes alienigenas) onde nem uma olhadinha neles ele pode dar – imagine uma sala onde você fica de um lado e atrás de um telão uma sombra gigantesca.
Como falei antes sempre existem os contrários ao modo vigente, e nesse caso é a Liga da Liberdade com suas passeatas e até sequestros. Esse é o mundo no fim do século vinte…e da primeira parte do livro, que na minha opinião já dava um belo roteiro de filme ou seriado – cheio de intrigas sobre a descoberta por parte de um jornalista da possivel vinda das naves e a chegada delas em um end season da primeira temporada (uma das minhas viagens roteiristicas com propósito de 3 temporadas somente) - e quem sabe um quadrinho até, por sinal minha parte favorita do livro. A segunda parte salta 50 anos no tempo para mostrar a Terra modificada pelos Senhores Supremos e várias surpresas que já apontam para onde a história seguirá e o finale avança mais ainda no tempo para mostrar o que o ser humano se tornou e qual o próposito de tudo isso de forma surpreendente.
Li pela primeira vez O Fim da Infãncia quando tinha treze anos e desde lá pelo menos uma vez por ano a releio, para ver novos angulos a partir de novas experiencias e conhecimentos meus. O livro pode ser visto de várias formas, uns dizem ser uma forma pessimista de se ver o futuro da humanidade – onde para evoluir deixaremos de ser o que somos - outros uma forma otimista a partir do ponto de libertação e integração com algo maior, tudo isso porque ao invés de tratar de naves em ataque e explosões sem sentido, a história de Arthur Clarke trata de mudanças no ser humano; no convivio entre raças; sobre a curiosidade humana e seu potencial. É leitura recomendada para qualquer fã de ficção científica e admirador da arte de tentar entender o ser humano e suas atitudes, uma leitura fácil, instigante e reflexiva.
Escrito por Jack Starman